RESENHA PARAÍSOS DE VIDRO
Uma onda de atentados terroristas assola as calçadas do mundo editorial. Saulo, um excêntrico estudante de Jornalismo, decide investigar o caso por conta própria. A sua busca por respostas o levará a confrontar os interesses de pessoas muito poderosas.
Para sair vitorioso dessa jornada, o jovem estagiário vai contar com a ajuda pouco provável de Tássio; ninguém mais, ninguém menos, que o seu novo chefe.
Os dois se conheceram na redação do jornal. Foi ódio à primeira vista. Ícaro, no entanto, não está muito convencido disso, e vai fazer de tudo para unir o casal.
O clima é de comédia romântica, mas, nem tudo são flores. Dividido entre o amor que sente e o terrível segredo que carrega, a principal luta de Saulo não é contra os desafios da vida, mas para vencer o obstáculo intransponível chamado morte. E uma vez que não se pode impedir a visita do inevitável, caberá a ele tentar adiar ao máximo a sua chegada.
CRÍTICA:
O livro nos traz a história de ódio a primeira vista dos dois protagonistas, Saulo e Tássio, que trabalham em um jornal, o antagonismo deles já aponta para um final romântico, o que para muitos pode desmerecer o romance de cara, ainda mais com a apresentação do narrador que nos blinda de cara com esse texto:
"Tás & Sal uma história de amor que o destino escreveu nas areias do
tempo.
A propósito, eu sou o Ícaro. Muito prazer."
Ícaro além de narrar, se propôs a tarefa de ser o cupido entre os dois anjinhos citados criando assim um triangulo que tem como intuito levar a você leitor a uma divertidíssima trama. Para quem goste do gênero é claro!
Na hora me vem a cabeça vários filmes com essa temática e uma inclusive se passa em um jornal também, "A verdade nua e crua" se trata disso.
Mas certas coisas existem para nos mostrar que preconceito literários precisam e devem ser desconstruídos.
Esse livro poderia ser denominado a grosso modo como um pastelão. E eu não gosto de comédias pastelão! Para mim a comédia deve vir acompanhada de um contexto bem estruturado e se tiver algum sarcasmo, melhor ainda.
São poucas as comédias sejam elas românticas ou não que eu assisto, não consigo engolir certos comediantes que acham que caras e bocas, gritos e movimentos exagerados é de alguma forma sinônimo de engraçado. Com isso vocês já devem estar imaginando quando seu amigo resolve escrever algo do gênero e ainda põe seu nome nos agradecimentos bem no início do livro:
"Agradecimentos:
Aos escritores Patrick Sousa e Mônica Nunes,
pela contribuição que me permitiu criar não apenas o ambiente de trabalho de
uma redação, mas também a rotina de um profissional do universo jornalístico.
Os seus depoimentos foram essenciais para a composição da personalidade de
vários personagens aqui apresentados: da guerra pela informação à luta pela
prevalência da verdade e da justiça.
E a você, Jackelline Souza da Costa, uma das
maiores amizades que eu já pude encontrar na imensidão do mundo virtual. Que um
dia a nossa proximidade atravesse a tela."
Quando eu li, meus olhos se encheram de lágrimas na hora! Um pouco de orgulho mesclado de medo de não corresponder a tamanha amizade me deixaram uns momentos paralisada.
Estou compartilhando isso para que vocês tenham noção do tamanho da minha responsabilidade ao ler e resenhar essa obra. Eu tenho antes de tudo, um compromisso comigo mesmo em relação as críticas que faço com cada obra. Me nego a trazer um resenha que não represente o que eu sinto e penso verdadeiramente, e o fato de ser um amigo e que me considera tanto assim só faz o peso ser maior ainda.
Comecei a leitura já pensando em como dizer para o Jadiael que eu não havia gostado. E que se eu fizesse uma resenha poderia não ajudar de uma maneira positiva como foi com a outra obra dele "Homens não Choram", livro com o qual eu conheci a sua escrita.
E por falar em escrita, a forma com que ele escreve é única, pode se contar nos dedos os autores que usam um vocabulário rebuscado assim. Porem, apesar de ter palavras que são pouco usadas na nossa literatura, principalmente na atual, a leitura de forma alguma se torna enfadonha ou difícil de se entender.
Voltemos ao fato de eu ter que dizer que não gostei do livro e tal......
Ao adentrar na trama, fui aos poucos invadida por questões filosóficas que de tão profundas me fizeram parar e tentar conseguir responder a essas perguntas, me vi refletida na amizade de duas pessoas que entendem o que um representa para o outro de uma forma simples e ao mesmo tempo de uma profundidade tão grande que pode dar medo de se jogar em algo e não conseguir voltar a superfície:
"É incoerente dizer que a gente se completa,
pois não somos como peças distintas que se encaixam, como em um quebra-cabeça.
O mais correto seria dizer que a gente se reintegra, pois somos como duas gotas
de água que se misturam, virando uma poça só de lama. Eu vi um pouco de mim
nele, e ele enxergou um pedaço de si mesmo nos meus olhos".
O enredo tecido pelas palavras do autor me deixou em um suspense emocional tão intenso que as vezes nem percebia que estava ansiosa por terminar e saber como acabaria o capítulo, e o que me aguardaria no próximo.
Não havia nada de pastelão no livro, somente na minha cara ao admitir isso.
O livro é perfeito no que se propõe a fazer: divertir na medida certa, nos fazer refletir em questões que vão além sobre o certo e o errado, nos torcer por um amor que tinha tudo para dar errado e reconhecer que as pessoas estão além de simples taxar de anjos ou demônios e que cada um, mesmo você e eu, não somos seres perfeitos, e é nas nossas imperfeições que temos a chance de crescer.
Meu erro foi achar que o livro se tratava apenas de mais um romance. Não podia estar mais errada! Nos temos como pano de fundo uma onde de atentados terroristas e que a equipe da redação tenta a todo custo resolver e com isso acabam entrando na vida um dos outros revelando assim segredos que seriam melhor continuarem assim, escondidos dentro de cada um.
O livro fala também da luta pela vida e como determinadas doenças podem ser cruéis com quem tem a "estranha mania de ter fé na vida" como nos diz a música "Maria, Maria".
Mas a fé na vida não é garantia de que as coisas vão dar certo. A realidade da vida é cruel e não é difícil nos deparar em situações que por muita das vezes, se torna preciso ir um pouco mais além para que se consiga superar os inúmeros obstáculos.
A mensagem que o livro quer passar é que muitos não podem parar de trabalhar em função de estarem doentes, e que as necessidades primarias de comer e ter onde morar falam sempre mais alto, e que o câncer pode não ser a palavra final, pode não ser a guilhotina que irá decepar a sua cabeça. A medicina evolui muito e o tratamento apesar de difícil, não é impossível.
Não estou afirmando aqui que o Saulo irá sobreviver e que ele vai entrar em estado de remissão, mas também não estou negando, se você estiver disposto a descobrir, aconselho que leia o livro.
Por falar em Saulo, ele é de longe o personagem mais complexo da trama, um anti-herói por assim dizer, com uma forma muito sua de perceber e agir em sei meio.
Abordar temas como câncer exige em conhecimento muito grande sobre o assunto para não se falar apenas o trivial. Todo o processo de tratamento, foi ao meu ver muito bem estruturado e isso demanda pesquisa ate para quem é profissional da saúde, imagina para um leigo. E por falar em pesquisa, a rotina da redação de jornal onde se passa boa parte dos diálogos e onde os personagens trabalham está muito bem construída, não tem como ler e não se transportar para o jornal. O leitor consegue até tocar no cenário se ele der asas a imaginação.
E é assim que eu te convido a conhecer essa obra maravilhosa e se descontruir de preconceitos literários como eu, caso você seja uma pessoa que ja julga a obra pelo titulo, capa ou gênero.
Paraíso de Vidro veio para ficar e tenho muito orgulho de participar nem que seja de uma maneira singela de sua divulgação.
Sobre o autor:
Natural de Uruçuca, Jadiael Viana de 32 anos passou a adolescência em Carapicuíba, zona Oeste de São Paulo. Atualmente mora em Uibaí, interior da Bahia, onde escreve seus livros.
Jadiael Viana é um dos poucos autores da atualidade que ousa usar um vocabulario rico, beirando ao clássico, mas incrivelmente contextualizado com o presente.
Eu consigo imaginar daqui ha uns 100 anos, as pessoas falando dele como se fala das obras clássicas de autores falecidos e que na época em que viviam não eram tão reconhecidos. Uma triste realidade brasileira.
Mas guardem esse nome: JADIAEL VIANA, um gigante da literatura em um pais em que pouco ou quase nada valoriza o escritor.
Autor: Jadiael Viana
Páginas:420
Tamanho: 16x23
Capista: Anael Design
Diagramaçãp: Cris Spezzaferro Design
Revisão: Edições Vila Rica / Valéria Costa / Jadiael Viana
Revisão Final: Edições Vila Rica
www.edicoesvilarica.com
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Link de compra
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Você e o seu incrível dom de me deixar sem palavras. Mas olha, que susto eu tomei nesse comecinho, hein? Se não fosse pelo meu histórico de atleta, com certeza teria empacotado. Brigadão, Jack!
ResponderExcluirUse esse histórico e crie mais literatura desse nível.
ExcluirAdorei a resenha!
ResponderExcluirDeu vontade se ler agora, neste exato momento. Conheço a escrita de Jadiael e já esperava por algo assim. Será o livro a seguir...❤
Fico extremamente feliz de ter gostado. Se puder ajude compartilhando
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