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quarta-feira, 15 de julho de 2020

Critica do filme O PALHAÇO

Escolhido para representar o Brasil na premiação do Oscar em 2013, numa vaga na categoria de melhor filme estrangeiro, O Palhaço alcançou a marca de mais de 1 milhão e 500 mil espectadores. Foi indicado em 14 categorias e venceu 12 do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, incluindo a de Roteiro Original, para Marcelo Vindicatto e Selton Mello.

Estamos em um circo pobrinho, mambembe. Uma trupe de saltimbancos. A lona é rasgada, a acomodação pouca, as roupas gastas. Não importa, porque o brilho estará nos olhos de quem vê o artista nesse espaço mágico.

Claro que Selton Mello inspira-se na linguagem universal usada por gênios do cinema como Fellini e Chaplin. Mas aqui, o palhaço está vestido de verde e amarelo e o circo enfeitado pela paisagem de homens e mulheres simples com crianças nos braços, uma plateia unida, sem mau humor, sob a lona do Circo Esperança.

Sinopse:


Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho, a sua identidade. Quando chega a hora da partida, a tristeza visita os amigos da diversão e de concreto mesmo, só a certeza de que o mundo dá voltas, redondo com o picadeiro.


Procurando ser alguém:

“Puro Sangue” (Paulo José) e Pangaré (Selton Mello), pai e filho palhaços, abrem o espetáculo. E desfilam a gorda com roupas de menina, a dançarina de vermelho, odalisca e espanhola atraindo olhares, os músicos, os equilibristas e a menina bonita que causa admiração pela lourice. Vale a pena destacar a enorme diferença entre os nomes dos palhaços, o que me leva a pensar sobre o quanto um pangaré deve desejar a ser um puro sangue. A crise existencial começa ja nesse ponto. 

Selton  Interpretando Benjamin,  mostra a angustia de não se sentir completo profissionalmente e as buscas pela identidade pessoal e por novos ares – e justamente aí reside toda a simbologia do ventilador. Presente desde o início, o objeto figura no imaginário do personagem a todo instante após ser indagado por um amigo do circo sobre o motivo de não comprar um ventilador para refrescá-los durante as andanças pelas cidades do interior do Brasil. E os significados começam a jorrar na tela de forma sutil. Benjamin, percebe-se pela riqueza das imagens, culpa a sua falta de identidade (não se vê como pessoa sem ter um RG) por não conseguir alcançar os desejados novos ares.
Assim, a sua certidão, sua única identificação, é o passaporte para questionar quem é ele enquanto palhaço e pessoa. Homem de poucas palavras e de poucos sorrisos, o que parece contraditório para alguém que faz rir, Benjamin sonha com o objeto que dará uma ventilada em sua vida, que apontará novos rumos e que o levará a se perceber como uma pessoa completa. Mas, claro, o resultado dessa jornada pessoal nem sempre é o que se espera e, espertamente, o diretor já joga com a perda imediata de identidade de Benjamin quando este larga o picadeiro para buscar ser outro alguém – com RG, CPF e comprovante de residência, como se orgulha de dizer em determinado momento. Ao deixar a trupe para trás, ele cai na escuridão. 
É esse o magnífico plano que Selton realiza ao mostrar apenas o preto da sombra do corpo de Benjamin no chão quando os veículos partem sem ele com os objetos do circo . Foi ali, na busca da nova identidade, que o palhaço imediatamente perdeu aquilo que procurava. E só com a compra do ventilador mais adiante é que as ideias de Benjamin são ventiladas, mas não da forma que imaginava, com o simbolismo da mudança.

Há um congraçamento, um sentido de família no circo, que Selton Mello incorporou com perfeição no seu roteiro. Gerações de atores se misturam, contracenando nesse filme que quer ser feliz.

Já começa pela dupla de pai e filho palhaços. Paulo José tem uma longa e vitoriosa história de palcos e telas e o Parkinson não o desencorajou. Continua a ser o ator que carrega a emoção nos olhos brilhantes.

Há uma comunicação comovente entre os dois palhaços que supera a barreira da fantasia e faz pensar na continuidade da profissão de ator. Aliás, na vocação necessária ao exercício pleno dessa arte.

E vamos reencontrar figuras da TV que não vemos há muito tempo. Estão lá Moacir Franco numa ponta magistralmente aproveitada como o delegado Justo e premiada no Festival de Paulínia, o “Zé Bonitinho”, Jorge Loredo e o simpático Ferrugem. Larissa Manoela faz, com graça, o contraponto da nova geração.

“O Palhaço” é um filme delicado, intimista, que não serve gargalhadas, nem piadas chulas.


Nesse filme encantador, você vai sorrir 
e lembrar da sua infância.



Ficha técnica (O Palhaço)
  • Título original: (O Palhaço)
  • Lançamento: 2011 (Brasil)
  • Direção: Selton Mello
  • Atores: Selton Mello, Paulo José, Giselle Motta, Larissa Manoela.
  • Duração: 88 min
  • Gênero: Comédia Dramática



NERVE

Data da primeira publicação: 13 de setembro de 2012
Autora: Jeanne Ryan
Número de páginas: 304
Gêneros: Ficção juvenil, Suspense tecnológico, Ficção de aventura

Para os fãs de The Hunger Games 

Sinopse

Um jogo on-line de alto risco se torna mortal 
Você já se sentiu desafiado a fazer algo que, mesmo sabendo que pode se arrepender depois, acaba levando em frente? A heroína deste livro também.
Vee cansou de ser só mais uma garota no colégio, e quer deixar os bastidores da vida para assumir seu merecido posto sob os holofotes. E o jogo online Nerve, febre nacional transmitida ao vivo, pode ser o início dessa trajetória de sucesso. Basta que ela clique no botão “Jogador” em vez de “Espectador” para entrar na disputa, que propõe, a cada etapa, um desafio novo.
A adolescente acaba formando uma dupla imbatível com Ian, um garoto desconhecido com quem trava contato ao se inscrever em Nerve. Juntos, vão galgando posições no jogo. Mas, conforme os dois avançam na disputa, os desafios ficam cada vez mais complexos… e perigosos.

Com séries como os livros de Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes que se tornaram mega-best-sellers internacionais, a ficção de jovens adultos é agora um gênero próspero que atrai leitores de todas as idades, os chamados YA. E como todo YA temos algumas coisas em comum, um ponto de ligação, de convergência que é quase um critério para esse estilo.
Livro novo, velhos clichês. NERVE se assemelha a muitos clichês atuais contidos na literatura de jovens adultos que seguem o estilo YA.
A protagonista é uma  
1) adolescente (chata pra caramba)
2) que narra em primeira pessoa, revelando toda a sua desordem e fraqueza interior 
3), mas que tem alguma qualidade especial e difícil de definir que a faz sobressair de seus colegas 
4) mesmo que ela seja vagamente desajeitada e com a auto estima baixa
5) o cara da fantasia mágica que entra em sua vida que só ela não parece perceber, instantaneamente se apaixona por ela. 
Lendo isso rapidamente, podem ver que eu resumi vários livros da atualidade.

NERVE foi anunciado como um romance independente, embora o final abertamente convide uma sequência ou série, com a situação imediata resolvida, mas os problemas maiores intocados. Trata-se de um reality show que dá nome ao livro, que publica vídeos de adolescentes que se aventuram, e estimula os adolescentes cujos vídeos obtêm a maioria das visualizações para desafios cada vez mais difíceis e prêmios maiores. Vee, abreviação de Vênus, sempre viveu a vida nos bastidores, fazendo todos os figurinos e maquiagem para as peças teatrais. Ela decide fazer algo fora do personagem por uma vez, e participa do novo jogo online chamado Nerve. Atraída pelos prêmios, como o par de botas bonitas e caras, ou a roupa incrível que não podia pagar, mas estava vendo regularmente em seu smartphone. Quando os organizadores do jogo lhe enviam um texto com as instruções para o desafio, eles incluem uma imagem composta de si mesma usando os itens que ela desejava, e ela não consegue resistir. Ela ousa, o Nerve lhe dá um parceiro, Ian, um menino bonito, mas problemático, que também é atraído por prêmios feitos especialmente para ele. Vee e Ian parecem ser muito populares, mesmo quando realizam acrobacias cada vez mais humilhantes e perigosas, e são finalmente selecionados para o desafio do grande prêmio. Para Vee ganhar uma bolsa de estudos integral para a escola de arte, ela deve passar três horas na sala VIP de um clube com cinco outros jogadores. O Nerve cria as regras e controla tudo, até mesmo bloqueá-las e impedi-las de ligar em seus telefones. Finalmente, os desafios se tornam uma ameaça à vida - e tudo o que Vee quer é escapar. 
Em Nerve temos o maldoso programa corporativo cavando a vida pessoal das pessoas para chegar à tentação exata que os induzirá a se humilhar em público para o entretenimento dos voyeurs sádicos. Um dos mais ricos adeptos do jogo até tem influência suficiente para começar a desempenhar um papel em um dos desafios de Vee. 
Vee está trancada em um quarto com estranhos, onde as armas foram entregues e as luzes estão completamente desligadas. Os telefones celulares estão bloqueados para fazer chamadas. Ela se pergunta por que as pessoas que estão vendo isso e vendo o perigo, não ligam chamando o 911 para ajudar a todos.
Acima de tudo isso, Nerve parece solidamente inspirado em The Hunger Games. Será que foi só eu que notou a semelhança? É verdade que as apostas são mais baixas, Vee e Ian não são inicialmente forçados a competir por suas vidas; eles estão competindo por prêmios financeiros. Mas como a competição fica mais séria, eles realmente parecem estar em perigo mortal, enquanto competem com outras pessoas e são vigiados por um público sanguinário representando um sistema corrupto e moralmente falido que está perfeitamente disposto a desvalorizar suas vidas para provocar drama. 
 O livro não reproduz os aspectos do triângulo amoroso dos Jogos Vorazes na sua totalidade, porem, Vee é pega entre o amigo apaixonado que ela tem que deixar para trás pelos jogos e Ian, que ela não tem certeza de que esta ou não apaixonado por ela, ou se é somente fingimento para aumentarem suas classificações.

Referencias vazias de contexto
"Não é como se você tivesse que ser a garota com a tatuagem de dragão para desenterrar dados pessoais de pessoas"
O amigo apaixonado, Tommy, faz uma clara referência a Lisbeth Salander, personagem da saga Millennium, ao avisar a Vee que as pessoas por trás do NERVE sabem muito sobre ela e podem usá-lo contra ela. 
É uma referência que está dentro de um contexto real, as outras obras que aparecem, talvez para fazer o livro parecer mais descolado como quando Edgar Alan Poe é citado juntamente com a sua obra O Coração Delator e os Miseráveis de Victor Hugo, são apenas isso, citações vazias. Para mim, referências culturais que aparecem rapidamente, é apenas como um “nervo” rígido, não dá balanço e nem movimento a obra.

A história do livro acontece um pouco no futuro, ou em um futuro alternativo que explica artificialmente a tecnologia que torna os métodos da NERVE possíveis. Seus personagens usam suas conexões de rede de maneiras não muito plausíveis hoje em dia. A tecnologia está lá, e eles a usam com mais conformidade do que o que é possível e com uma naturalidade típica dos adolescentes o que implica longa familiaridade. O que explicaria NERVE e seu lugar na vida de seus personagens; eles tomam isso como parte da paisagem, e Vee nunca faz uma pausa para inserir sua própria editorialização sobre o site ou o sistema. Ela só reage a isso, o que aumenta o ritmo do livro. O que pode definir as expectativas dos leitores em relação a um mundo completamente conectado, sem cair na exposição ou configuração.
Faltou ao meu ver, um aprofundamento maior da vida dos personagens, da história de cada um.  Por falar nisso, O livro traz um certo suspense sobre o verdadeiro motivo de Vee estar de castigo, deixando margem para que o leitor tire suas conclusões próprias. Mas o assunto foi tratado superficialmente e deixou a desejar.  Os personagens são sem qualquer tipo de complexidade. Eles estão ali, como um navio para continuar o enredo. Eu não tive uma conexão emocional suficiente com nenhum dos personagens e os atrevimentos no começo não foram nada emocionantes.

Nerve representa essa geração que tem o seu interesse voltado em como suas vidas interagem com a Internet sem expectativas de privacidade, e que certamente para quem está familiarizado com o Facebook, Twitter e YouTube achará este livro realista o suficiente no seu formato. 
Vee é uma adolescente plausível o suficiente, apenas consciente o bastante para não se destacar ao lado de sua amiga mais dinâmica, Sydney, mas capaz de fazer coisas altamente embaraçosas quando a pressão dos colegas entra em ação e ela começa a se concentrar na diversão de ser ousada, ganhando admiração e aprovação de colegas, e agindo fora da caixa, mantendo uma certa  desculpa de que "outra pessoa me fez fazer isso"  justificando para si mesmo a sua própria moral. Em termos de estilo e conteúdo, NERVE é mais voltado para adolescentes do que para leitores mais velhos e não parece um conto de advertência é mais uma extensão bastante credível do mundo em torno dos adolescentes hoje, pelo menos até o clímax dramático. 
Uma vez que Vee começa a se atrever, a principal ação do livro acontece ao longo de uma noite estonteante, e é fácil acreditar que os personagens se comportariam de uma forma cada vez mais imprudente, já que o cansaço, o triunfo e a excitação superam todas as outras preocupações. 
 É claro que o Nerve está pressionando o máximo possível de botões hots para manter os espectadores sintonizados, e que as pessoas obscuras por trás do site estão especificamente provocando Vee com sensuais desafios porque ela é inexperiente e dá uma vibe particularmente inocente e facilmente desconcertante. Ainda assim, muitos dos que ela enfrenta são focados no sexo e que no livro assume uma vibração levemente sinistra. 
O último terço do livro é onde a maior parte do suspense está contida. É onde o perigo que me foi prometido começa a aparecer e não é o que eu esperava. Eu queria mais emoções, e mais horror e definitivamente mais situações com risco de vida (especialmente considerando o prólogo). 
Só teve um momento no livro em que eu fiquei do lado e quase simpatizei com a Vee. Mas, fora isso, ela me dava raiva mesmo.
NERVE promete um romance repleto de ação e é uma enorme decepção. É esquecível, fraco e carece de caráter e profundidade. No entanto, é uma leitura muito rápida e simplista. Há também uma mensagem por trás do romance - sobre o controle que o consumismo tem sobre nós e sobre nossas ações.
Eu me pergunto:   Como a avalanche de reality shows de TV influenciou a maneira como nos vemos como companheiros humanos? Estamos regredindo às tradições de épocas anteriores ao ponto de nos divertirmos observando execuções públicas?
Não estamos tão longe assim dessa realidade, basta vermos como exemplo os BBB da vida.
O conceito da história é muito bom, a escrita é fluida e não tem muita enrolação. Indicaria para aqueles que curtem o estilo. Assim sendo, uma boa leitura!

Ficha técnica

AutorRyan, Jeanne
Editora - Outro Planeta
Número de Páginas - 304
Altura - 21
Largura - 14
Profundidade1.6
Idioma - Português País Brasil

RESENHA DE HEX

HEX poderia ter sido escrito por Stephen King, e não consigo pensar em um elogio maior a essa obra.
Uma história bem pensada, e que é ainda mais arrepiante por sua visão intransigente da humanidade, visão esta que, não apenas desafia   ao leitor a enxergar dessa forma, mas o faz de maneira tão interessante que se começa a perguntar o que mais não se conhece sobre a natureza humana.

Sinopse

“Quem nasceu aqui está condenado a ficar até a morte. Quem quer que se estabeleça, nunca sai.”


HEX avança a ideia de que, devido a uma maldição muito especifica que remonta ao século 17, a cidade inteira voluntariamente concordou com uma exclusão completa da mídia, incluindo internet.
Exclusão esta que é reforçada através do uso de equipamentos de vigilância de alta tecnologia, tudo a fim de manter a existência da Black Rock Witch esquecida do restante do mundo. Os anciãos de Black Spring praticamente colocaram a cidade em quarentena
O raciocínio por trás desse comportamento estranho é simples: é uma questão de sobrevivência. Katherine, a Bruxa Black Rock, está encadeada, com os olhos e a boca costurados, e aparece aleatoriamente ao redor da cidade. Um dia, ela pode estar na praça da cidade, ou ter sua próxima parada em um quarto, ela anda pelas ruas e entra em suas casas à vontade. Ela fica ao lado de sua cama por noites a fio. Todo mundo sabe que seus olhos nunca podem ser abertos e, embora os moradores não estejam exatamente confortáveis com sua existência, eles a aceitam como parte do seu dia a dia. Deixar a cidade para escapar desse fenômeno é impossível, já que qualquer um que tentar fugir, ou mesmo passar mais de uma semana longe da cidade, começa a ter pensamentos suicidas, e a última tentativa oficial de várias décadas para estudar Katherine e tentar acabar com a maldição acabou muito mal para todos os envolvidos.

Como resultado, os moradores de Black Spring estão muito interessados em não alertar o mundo exterior sobre sua existência, já que qualquer tentativa de interferir em sua desconfortável convivência com Katherine pode literalmente ser fatal.

No entanto, (como sempre há), um grupo de adolescentes decidiu que eles querem expandir os limites de sua existência fechada e criaram um site chamado Open Your Eyes, que narra a bruxa em uma série de weblogs, uma espécie de diário digital, e videoclipes. Criado por Tyler Grant, a existência do site é conhecida apenas por cinco adolescentes, e nunca é acessada de dentro do Black Spring devido aos impressionantes protocolos de segurança mantidos pelo membro do conselho Robert Grim, que, embora não seja exatamente apaixonado pela maneira fastidiosa que a cidade adere aos costumes antigos, respeita a necessidade deles e relutantemente ajuda a reforçá-los.

Inevitavelmente, um dos adolescentes, Jaydon Holst, vai longe demais e a incômoda trégua entre Katherine e a cidade se estende a ponto de ruptura, e aqui reside o cerne da história de Heuvelt. Embora efetivamente existam em uma prisão de alta tecnologia de sua própria autoria, à medida que os eventos começam a espiralar fora de controle, os habitantes da cidade sucumbem à natureza humana e os comprimentos que levam para preservar seu segredo e consertar o dano é uma acusação arrepiante. E chegamos a uma sociedade vista através do prisma dos antigos costumes.

Ponderações

Quando pude ver o quadro em sua totalidade ao acabar a leitura, imaginei que os animais selvagens deviam sentir o mesmo tipo de medo incontrolável quando inalaram pela primeira vez o ar enfumaçado de um incêndio florestal.
As pessoas acham esperança, conforto ou confiança em fazer o sinal da cruz ou não andar debaixo de uma escada, assim como você encontra esperança e confiança em oferecer uma prenda para a bruxa. Magia existe nas mentes daqueles que acreditam nela, não em sua real influência na realidade.
Os paralelos com King vão além do ambiente da pequena cidade, com HEX se sentindo como um parente distante de Needful Things (Trocas Macabras), enquanto um evento leva a outro e Black Spring começa a se desfazer em três atos. Ocorrem eventos que são repulsivos, horríveis e desconfortavelmente familiares a partir das notícias e enquanto os dois primeiros atos são implacáveis em aumentar o medo e a tensão em torno de Katherine, o terceiro ato se torna uma terrível descida à natureza humana que obriga o leitor a continuar girando páginas, como ser amarrado em um carro desgovernado sem freios descendo uma encosta íngreme da montanha.

A premissa de bruxas e maldições não é novidade, é claro, mas ao enxertar esses tropos familiares no mundo moderno da vigilância e das mídias sociais, Heuvelt criou um híbrido original que pode se tornar um clássico moderno. HEX é uma obra sombria, às vezes tensa e perturbadora, mas nunca menos que cativante, e atrairá o leitor, assegurando que, como os residentes de Black Spring, eles sejam incapazes de se afastar até o fim sombriamente satisfatório.
Em Black Spring eles sabiam que necessidades desesperadas levavam a atos desesperados.
Este livro foi tão bizarro, mas tão atrativo que eu quase me senti como se estivesse assistindo a cidade também, como a bruxa. Ele manteve meu interesse, e fiquei apenas esperando que algo ruim acontecesse. Dava para perceber que estava chegando.

Sobre o autor

O romancista holandês THOMAS OLDE HEUVELT (1983) é autor de cinco romances e muitas histórias curtas. Seu trabalho apareceu em muitos idiomas, incluindo inglês, chinês, japonês, italiano e francês. Em 2015, sua história “O dia em que o mundo virou de cabeça para baixo” foi o primeiro trabalho traduzido a ganhar um prêmio Hugo. Mais duas de suas histórias foram nomeadas para os prêmios Hugo e World Fantasy Awards.

Em 2016, o aclamado romance HEX, se tornou um best-seller na Holanda, e foi lançado em todo o mundo (nos EUA pela MacMillan / Tor e no Reino Unido pela Hodder & Stoughton) no Brasil pela Darkside

Editora: Darkside
Paginas: 368
Formato: 16X23
Peso: 420 g
Acabamento: capa dura
Corte: colorido