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Resenha O misterioso caso dos Styles
Autora Agatha Christie Sinopse “Caía a madrugada na casa de campo de Styles qua...
sábado, 3 de fevereiro de 2024
Resenha O misterioso caso dos Styles
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
Resenha: Longe é um Lugar que não Existe, de Richard Bach
"Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos? Se você quer estar com alguém a quem ama, já não está lá?"
"Sua casa fica a mil quilômetros da minha e viajo apenas pela melhor das razões."
"Mas deve lembrar sempre que não saber não impede a verdade de ser verdadeira."
"Rae, este é o último dia especial de comemoração a cada ano que estarei com você, tendo aprendido o que aprendi com os nossos amigos, os pássaros. Não posso ir ao seu encontro porque já estou com você".
quinta-feira, 22 de junho de 2023
Resenha O Mar sem Estrelas
O Mar sem Estrelas
Erin Morgenstern
Sinopse
Navegando por bailes de máscaras e sociedades secretas, este é só o início de uma missão que o levará a um estranho labirinto subterrâneo, às margens do Mar Sem Estrelas. Um mundo maravilhoso de túneis sinuosos, cidades perdidas, amantes eternos e histórias a serem preservadas, custe o que custar…
Falar sobre O Mar sem Estrelas me deixa um pouco tímida, confesso, a sensação de que não vou conseguir transmitir a magia que se encerra dentro dessa obra chega a ser quase um peso. Escrevo então de uma forma despretensiosa sem contudo ser leviana.
Eu me considero uma leitora assídua e dificilmente um livro me surpreende, é raro eu me emocionar e ficar sem ação diante de alguma leitura, e mais raro ainda é eu me envolver ao ponto de sonhar e querer viver dentro de uma história. Mas esse livro me pegou de uma forma que desde do seu início até o término eu vivi em um estado de êxtase e de fé. Sim meus amigos leitores, de fé! Passei a acreditar novamente em magia. Não falo da magia que por vezes podemos encontrar na beleza das flores ou no sorriso sincero de uma criança, mas da magia que desperta a esperança, desperta a vontade de viver algo que se sabe que existe mas que não se alcança. não consegui deixar de pensar em um jogo chamado Myst onde o jogador viaja através de um livro para uma ilha misteriosa onde vive várias aventuras como se fosse um quebra-cabeças, e O Mar sem Estrelas é isso, um quebra-cabeças, onde cada capítulo por mais aleatório que seja (aleatório sim, nunca sem sentido ou magia), acabará se encaixando com maestria no final, e que final meus amigos, que final!
“Atrás da porta existe um outro lugar. Não a sala que fica atrás do muro. Algo mais. Ele sabe disso. Ele sente isso nos dedos dos pés.
Sobre a história:
O livro é mágico. É uma história atemporal, ela existe dentro de um livro que esta dentro de outro livro. Para Zachary "Ler um romance é como jogar um jogo em que todas as escolhas foram feitas para você com antecedência por alguém que é muito melhor nesse jogo específico". E ele descobre por um acaso que sua história está nesse romance em um livro achado na biblioteca e se vê de volta a sua infância quando ele achou uma Porta mágica e não a abriu. É também sobre essa Porta, mas é sobre um Pirata, é sobre o Destino, o Tempo e a Lua, é sobre A Procura e Ao Encontro, (Para vocês terem uma ideia de como um simples capítulo impacta, eu e o meu amigo nos saudamos até hoje com essa frase), é sobre Mel, Abelhas e Espadas, e tem a Chave com os quais os Guardiões, Acólitos e Cuidadores abrem esse grande Mar.
É sobre o Mar, onde às suas ondas vêm e vão e nenhuma é igual a outra, aliás acho que o mar e suas ondas descrevem bem a leitura, cada capítulo trazendo por vezes brumas, por outras leveza, mas entre uma e outra vem aquela que te derruba no chão e te arrasta mar adentro. É também sobre romance. E que romance! Não é possível depois que você se enreda com os personagens não desejar outra coisa além de que o amor triunfe em todas as suas formas. E não tem como não se emocionar quando a gente percebe que podemos não ter um final feliz. Mas quem é que pode dizer com certeza absoluta que finais felizes são apenas aqueles que concebemos em nossa mente? Não quero dizer que o final não seja perfeito pois é, apenas peço que abram suas mentes para algo novo e mágico. E também abandonem as ideias pré-concebidas que um romance gira em torno de um casal apenas. No nosso Mar cabem romances mais antigos como o fundamento do mundo, há romance que não se deixa afetar pelo tempo, redefinindo sua própria intemporaridade e há aquele que nasce nas ondas ondulantes.
Deixo um conselho: leiam esse livro como se degustassem algo novo e único, para não correrem o risco (que é inevitável) de ficar órfã como a Anne de Green Glabes, ou parar para olhar dentro de cada guarda-roupa tentando achar o caminho para Nárnia, ou quem sabe continue aguardando o encontro com o inesperado olhando os céus a procura de uma coruja com uma carta de Hogwarts para te levar rumo ao inesperado pois no momento que acabarem de ler, no exato momento da virada da última pagina, cada um de vocês vai começar a procurar uma porta que pode ou não ser a sua, isso não vai fazer diferença desde que achem e entrem por ela.
Sugiro para todos que enquanto não souberem exatamente o que procuram, comece abrindo o Mar sem Estrelas!
Sobre a autora:
Erin Morgenstern (nascida em 8 de julho de 1978) é uma artista multimídia americana e autora de dois romances de fantasia.O Circo da Noite (2011) foi publicado em mais de uma dúzia de idiomas e ganhou o Prêmio Locus anual de Melhor Primeiro Romance . Ela recebeu em 2012 o Prêmio Alex . Seu segundo livro,
Mar sem Estrelas , foi publicado em 2019.
Erin Morgenstern foi criada em Marshfield, Massachusetts e estudou teatro e arte de estúdio no Smith College em Northampton, Massachusetts , graduando-se em 2000. Além de escrever, ela pinta, principalmente em acrílicos, incluindo o baralho de tarô Phantomwise . Ela assinou com a Inkwell Management em maio de 2010 após ser rejeitada por trinta agentes literários, e vendeu seu romance de estreia para a Doubleday em setembro de 2010.
Fonte: Wikipédia
Número de páginas: 544
Idioma: Português
Editora: Morro Branco
Data da publicação: 21 junho 2021
Gêneros: Fantasia, Literatura fantástica, Romance de amor, Realismo mágico, Fantasia romântica, Romance LGBT+
Crédito da imagem: Editora Morro Brancoquarta-feira, 26 de agosto de 2020
RESENHA MINI SÉRIE - GODLESS
GODLESS
Título original - Sem Deus
Ano - 2017
Duração - 60 min.
Episódios - 07
País - Estados Unidos Estados Unidos
Direção e Script - Scott Frank
Produtor Executivo - Steven Soderbergh
Música - Carlos Rafael Rivera
Fotografia - Steven Meizler
Empresa de produção - Netflix
Gênero - Drama | Minissérie de TV. Vingança
Elenco
Jack Connell , Michelle Dockery , Jeff Daniels , Sam Waterston ,
Scoot McNairy , Merritt Wever , Thomas Brodie-Sangster ,
Tantoo Cardeal , Luke Robertson , Alexander River , Joleen
Baughman , Kayli Carter , Donald Cerrone , Kim Coates , Rachel
de la Torre Tess Frazer , Evan Bryn Graves , Travis Hammer ,
Keith Jardine , Joe Pingue , Matthew Dennis Lewis , Russell
Dennis Lewis , Audrey Moore , Samuel Marty , Jeremy Bobb ,
Brian Lee Franklin , Bill Jones , Michael Earl Reid , Justin Welborn
e Adam David Thompson
Sinopse
Frank Griffin, um bandido implacável que está aterrorizando uma
vasta área do oeste americano de 1880, vai caçar o jovem Roy
Goode, um ex-protegido dele transformado em seu maior
inimigo. Roy, fugindo de Frank e de sua banda temida, se
esconde em uma fazenda em La Belle, no Novo México, uma
cidade composta principalmente de mulheres viúvas após o
colapso da mina onde os homens trabalhavam.
Scott Frank, criador de Godless, que nesse mesmo ano nos
trouxe uma história de super-heróis com o Logan, gosta do estilo
Western. O roteirista há muito queria essa história, mas não
conseguiu encontrar o lugar para fazê-lo até que Steven
Soderbergh, como produtor, o recomendasse para converter sua
ideia de um filme em uma minissérie. E assim terminou no
Netflix.
Godless são sete episódios centrados no território do Novo
México, na década de 1880. Seu cenário são as pequenas cidades
no meio do nada, através das quais a ferrovia recém-inaugurada
não passa. Povos em que os fazendeiros têm que cavar fundo
para obter água em seus poços, onde vento e poeira se
esgueiram em todos os lugares e onde sempre há homens sem
escrúpulos que levarão o que quiserem. Protege a lei do revólver
mais rapidamente.
Apesar da série mostrar um povoado com sua população de 97%
de mulheres, o roteirista afirmou que sua intenção com Godless
não era levantar a bandeira do feminismo como foi tentado
publicitar: Eu não estava interessado em fazer um grande
argumento feminista. Não sei se tenho o direito. O que eu queria
fazer era focar em personagens cujas histórias nunca são ditas, e
as mulheres são as principais. Minha matéria favorita é
identidade e pessoas presas em vidas que nunca planejaram. A
maioria dos personagens desta história se encaixa lá.
Sua história gira em torno da rivalidade entre o lendário e
sedento de sangue Frank Griffin (um ameaçador Jeff Daniels) e o
atirador Roy Goode (Jack Connell), que o atrapalha. Os
espectadores sabem que Godless terminará o confronto final
entre eles, e que, no meio, os habitantes de La Belle acabarão
arrastados, uma cidade mineira que perdeu todos os seus
homens em um acidente.
Jeff Daniels empresta seu talento para dar vida a Frank Griffin,
que como todo bom vilão, ou melhor, como todo bom
antagonista, é um personagem intenso e parece ter um passado
interessante, mesmo que não venha a ser trabalhado. Sua
autoridade sobre seus seguidores parece absoluta, e ele trata a
cada integrante de seu bando como família, adotando alguns
deles desde pequenos, como é o caso de Roy Goode, que ao
abandonar o bando faz com que Griffin se sinta terrivelmente
traído e sai em uma perseguição sangrenta atrás de vingança.
Mas apesar dele ser apresentado como uma pessoa sanguinária,
e ele realmente é, também nos é apresentado um lado humano
desse vilão, o lado de adotar, cuidar e proteger, de ser capaz de
ajudar pessoas ao redor nos traz certa empatia e deixa o
expectador na dúvida se ele deve morrer ou não no final.
Jack Connell é Roy Goode, diferente do que se espera de um
fora-da-lei, ele aparenta ser uma boa pessoa e em nenhum
momento se torna agressivo com aqueles que o abrigaram,
mesmo sem saber de sua identidade. Em certo momento, ele até
mesmo pensa o que é melhor para eles, mesmo que para isso ele
tenha que ir embora. Erra quem assisti aos primeiros episódios e
tenta adivinhar o seu final. É justamente essas reviravoltas que
fazem de Godless uma série diferente.
Scoot McNairy e quem interpreta o xerife Bill McNue de La Belle.
O ineficaz comissário que se compromete com a luta numa
compreensão frenética por um senso de propósito. Viúvo que
lentamente esta perdendo sua visão, Bill é pouco mais do que
uma piada para as mulheres, que o chamam de covarde. Mas
McNairy impõe Bill com uma vulnerabilidade pungente, uma
alternativa rara para o típico insurgente do western. Uma das
melhores cenas da série retrata Bill e Griffin que simplesmente
continua em seu caminho, sabendo que Bill não representa uma
ameaça e se recusa a conceder ele a dignidade de se tornar um
mártir. O final do personagem é longe de ser previsível.
Michelle Dockery (Downton Abbey e Anna Karenina), é Alice
Fletcher e que se destaca como a viúva que se reinventa (e que
assume um papel às vezes muito na linha do pistoleiro que pensa
mais do que fala estilo Clint Eastwood) a fazendeira que perde
dois maridos e que vive separado do resto da cidade, tentando
domar uma terra muito mais teimosa e selvagem do que os
cavalos que vende. A história mais interessante de Godless está
lá, no que poderia ser uma versão feminina de Deadwood.
Merritt Wever é Mary Agnes, a viúva que, após as mortes de
quase todos os homens na cidade velha de La Belle, leva a usar
calças, carregando uma arma, transforma-se em uma força
arrogante e sensível da natureza, e que, no entanto, revela uma
certa doçura e até timidez, sob seu exterior áspero. O elenco
secundário é sólido, mas ninguém é mais eletrizante do que essa
extraordinária personagem.
Essas mulheres tomam as rédeas de sua história, e quando os
homens começam a aparecer dizendo praticamente que vão
salvá-las, alguns cheiram de pecado. São as resolutivas da cidade,
cujo xerife está perdendo a vista e representam os personagens
que Scott Frank queria tanto retratar.
As viúvas, os homens da lei que ninguém leva a sério, os poucos
afro-americanos que vivem no lugar. Eles são os protagonistas de
Godless, e o antagonista que constrói a figura de Frank Griffin é
bastante brutal (parece tirado da narrativa de Wyatt em
Westworld)
Godless presta homenagem a alguns dos mais clássicos do
gênero (a emboscada no desfiladeiro, os cavalos fugitivos, o
estranho que chega na cidade e ganha a confiança de uma
família) e, ao mesmo tempo, tenta oferecer outras tramas
focando em histórias.
O que eu acho especialmente absorvente de Godless é como
deixa espaço para todos os seus personagens, suas histórias e
seus arcos emocionais, misturando o melhor do gênero com
histórias incomuns sobre gênero, raça e fé, pois em um povoado
basicamente só de mulheres, era de se esperar que os laços
afetivos se estendessem para um romance onde o próprio
gênero não se tornou uma barreira. Onde só uma etnia reina e
os negros são excluídos, porém não miseráveis e que constituem
um povoado a parte de La Belle, sendo os únicos a quem Frank
realmente vê como uma ameaça.
Godless torna seu mundo tão expansivo como as vastas
planícies, lindamente filmadas em Santa Fe, embalado com belas
paisagens infinitas e uma grande quantidade de personagens
fascinantes. Com interpretações sólidas suas tramas diferentes
criam um final que é não convencional o que o torna satisfatório
e que faz a viagem valer a pena.
Eu amei a trilha sonora, Carlos Rafael Rivera o produtor musical
foi muito feliz e teve a sensibilidade para pôr em canções os
sentimentos não falados pelos personagens. É um show parte.
Em pleno século XXI, podemos dizer que o Western não morreu!
RESENHA - A GAROTA DO TREM
SINOPSE
Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para
Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua
rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá
que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada
com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Janson –,
Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do
jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos
antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias
depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está
desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai
à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando
diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da
vida de todos os envolvidos.
A história gira em torno de três mulheres e seus relacionamentos
afetivos com Tom e Scott: Rachel, Anna e Megan
Rachel: Separada de Tom, por causa do seu alcoolismo, Rachel
viaja todos os dias num trem que passa por sua antiga
vizinhança, e para evitar olhar para a casa onde vivia observa a
vida aparentemente feliz de Megan, que envolve muito carinho e
sexo com seu marido, até que um dia dá de cara com uma cena
que a deixa chocada: a Megan está com um homem diferente.
Desconcertada com isso e muito bêbada, ela vai até o local, tem
um apagão e mais tarde descobre que Megan desapareceu, e
por estar sempre “perseguindo” seu ex ela se torna suspeita, já
que a vítima trabalha para ele. A partir daí ela tem que tentar se
manter sóbria para descobrir o que aconteceu, quem causou e
até que ponto está envolvida nisso. Rachel não é apenas fraca,
ocasionalmente ela apresenta ser rancorosa e auto-compasiva,
também tem excesso de peso e relativamente pouco atraente;
um saco triste em comparação com uma Megan e Anna.
“De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se
fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de
terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso
crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do
concreto; você se molda a partir das lacunas.” Rachel – pg 114
Anna: Casada com Tom, o ex marido de Rachel, com quem tem
uma filha, e Megan é a babá da criança.
Seu status mudou de amante e segunda opção a dona de casa,
esposa e mãe, Anna não parece se sentir como deveria, uma
mulher realizada, em sua nova função. A dedicação à sua filha é,
talvez, a coisa mais verdadeira e real para ela, porem no
casamento, a sombra de Rachel sempre a incomodou. Ligações
anônimas e mensagens com remetente oculto no celular de Tom
fazem-na pensar que a sua família jamais se veria livre da
perseguição da inconformada ex de seu marido, por mais que ele
dissesse que tais atitudes eram inofensivas.
“Não tem trabalho mais importante do que criar um filho”.
(Anna)
Megan: Casada com Scott, e que na visão de Rachel, é o exemplo
de relacionamento perfeito, onde a felicidade reina plenamente,
no entanto, quando olhamos com os olhos de Megan,
recebemos um choque ao constatar como as aparências
enganam, e que aqueles momentos não diziam nada sobre sua
verdadeira condição. Por mais que a vida de Megan tivesse
muitos confortos, ela não era feliz. Seu passado é uma incógnita,
e ela não está em sincronia com o marido quanto ao casamento.
Semanalmente ela confidencia ao seu terapeuta, Dr. Abdic, todas
as suas infelicidades, e não demora muito para que possamos
perceber que por trás de sua leveza física, não há como
mensurar o tamanho da bagagem emocional que carrega. Megan
passa seus dias em fingimento, e sequer é preciso muita atenção
para perceber a apatia em seu semblante.
“Uma vez, um professor me disse que eu era mestre em me
reinventar. Eu não tinha certeza do que isso significava naquela
época, mas desde que eu me mudei pra cá eu comecei a
entender… Eu quero recomeçar a minha vida. Até agora, eu fui:
uma adolescente rebelde, amante, garçonete, diretora de
galeria, babá e puta. Não necessariamente nessa ordem.”
(Megan)
Você vai conhecendo mais da história de cada uma delas,
entendendo seus dramas e dilemas e cada hora suspeita de uma
coisa que vai ser desconstruída logo em seguida (ou não).
Essa relação de três mulheres aparentemente problemáticas
com os três homens “misteriosos”: Tom, ex marido de Rachel e
atual de Anna, Scott e Kamal Abdic, marido e terapeuta de
Megan, respectivamente, e é a presença deles que nos dá
exemplos claros de dois assuntos que estão entrelaçados no
Temas dentro do enredo: relacionamentos abusivos e gaslighting (O nome
é complexo, mas seu significado é bastante familiar para muitas
mulheres. Trata-se de uma forma de abuso psicológico no qual
informações são distorcidas e/ou omitidas para favorecer o
abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a
vítima acreditar que é louca e neurótica, duvidando de sua
própria memória e sanidade). Relacionamento abusivo não é
apenas aquele marcado por agressões físicas ou trocas de
ofensas e xingamentos. A relação pode se tornar tóxica de forma
bastante sutil, resultando em grande impacto negativo na
autoestima e na confiança da vítima.
O primeiro está explícito desde o momento em que conhecemos
Megan, durante suas sessões de terapia, ela permanece com
Scott mesmo sem vontade nenhuma, mesmo tendo sua vida
completamente controlada, quase como forma de autopunição
pelos seus erros do passado, e só consegue se abrir para Abdic,
com quem tenta ter um caso loucamente. Ele é tão absurdo que
após o desaparecimento esse comportamento agressivo acaba
sendo “transportado” para a coitada da Rachel que entra em
contato tentando ajudar, no final das contas a gente vê que não
importa os erros da pessoa, ninguém merece ser tratado assim.
Inclusive muito do que rola na vida da Megan (e que acaba
causando seu fim trágico) poderia ter sido evitado desde o início
da parte difícil da sua história se ela tivesse tido apoio pra
melhorar e sentir menos culpa pelo que passou.
O segundo nos vemos claramente que a Rachel foi vitima
durante muito tempo, e que isso influencia na sua vida presente
de uma maneira catastrófica, levando-a a acreditar em sua
completa incapacidade de ser elegível para ser amada.
O que é, contudo, a bebida. Rachel é um tônico de vodca
decadente e exuberante em uma taça de plástico. Por isso, ela
atende um único A.A. reunião e bingo! - o problema começa a
ser limpo. Percebemos que o alcoolismo nunca foi um tema
sério; era apenas uma desculpa para a síndrome das falsas
memórias e, portanto, uma maneira preguiçosa que a autora
usou para mexer com a lógica da história.
O suspense da história perde importância para o drama
psicológico das três principais personagens femininas. Quanta
depressão, meu Deus! Uma leitura pesada, melhor partir para
outra se não estiver de bem com a vida, não vale a pena! Mesmo
após o final, o que fica é uma sensação de depressão a solta no
ar. No cerne de tudo estão duas questões fundamentais: a
maternidade e a influência dos parceiros no destino de cada uma
delas.
No entanto, como Hawkins demonstra, as identidades
aparentemente fixas assim como seus enredos têm sua base em
conclusões tão firmes quanto castelos erguidos areias. Quanto
mais Rachel descobre sobre Megan, menos gosta dela. Em um
eco claro de Garota Exemplar, Scott, o marido aparentemente
aflito, é também mais escorregadio do que a sua maneira
encantadora. Anna, também, parece parecer menos uma vítima
inocente e mais como uma pessoa vingativa. Tom é um cara legal
responsável e muito compreensivo com a sua ex-esposa
extravagante, mas porque parece que há alguma coisa
preocupante espreitando por baixo de sua superfície calma?
Hawkins manipula perspectivas e prazos com grande habilidade,
e um suspense considerável, mas que em determinados
momentos me deu um soninho, se acumula junto com a empatia
por um personagem central incomum que de imediato não
agarra o leitor. Garota Exemplar de Hawkins
é pouco criativa e deixa a desejar.
Quem é quem segundo minha interpretação:
Leiam atentamente e responda se puder as perguntas que se
seguem.
Rachel era casada com Tom, mas Tom teve um caso com Anna,
que agora é sua esposa.
Ele e Anna têm um bebê, cuja babá é a Megan. Megan parece
um pouco com Anna. Ela-Megan, não Anna, vive com Scott, que
é assustador e possessivo, embora Tom também fique nada
atrás. Não tão atrás quanto Kamal, no entanto, que é o
terapeuta de Megan. Rachel logo se tornará paciente do Kamal.
Fique segurando a história um pouco aqui comigo e observe
outros fatos:
Acontece que Rachel, que está obcecada com o ex, faz um
passeio de trem duas vezes por dia que passa pela casa onde
Diante dessa evidência devastadora, ela, Rachel, se torna uma detetive, juntando-se, um pouco imprudentemente, com Scott, que acredita, um pouco errado, que é amiga de Megan.
Então vamos lá juntar tudo:
(1) Quem se relaciona com quem?
(2) Quem não se relaciona?
(3) Quem é atacado?
(4) Por que Rachel não pode ocupar-se de sua própria vida?
Tais são os problemas que surgiram do livro e no filme principalmente, que eles não podiam ignorar. Eu não consegui.
Será que importa que a trama esteja tão cheia de buracos que
você poderia usar para drenar espaguete? Para mim a resposta é
sim! Me importei com os buracos deixados e o final clichê. Os
leitores inocentes da novela de Hawkins, podem nem se
importar que o toque final seja visível de muitas léguas distantes.
Foi muito fácil para mim descobrir o “gran finale”, o que me fez
perder o interesse pela leitura, que eu só conclui porque estava
lendo em conjunto com um grupo de pessoas.
Ah! Fica uma crítica sobre o título: As personagens principais são
mulheres, e rotulá-las como meninas é como taxa-las de infantis,
como se fossem facilmente levadas por circunstâncias ou
sentimentos de uma adolescente e, portanto, mais propensas a
se perderem ou a não conseguir lidar com os sentimentos, e,
precisar submeter seus problemas à consideração dos adultos.
Elas podem ser tudo, menos chamadas de garotas.
Desejo que se alguém for se aventurar a ler Garota no Trem
tenha uma experiência mais prazerosa do que a minha.
Título: A Garota no Trem
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
Páginas: 378
Ano: 2015
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#Resenha #Leitura #Cultura #agarotadotrem
quarta-feira, 15 de julho de 2020
Critica do filme O PALHAÇO
Assim, a sua certidão, sua única identificação, é o passaporte para questionar quem é ele enquanto palhaço e pessoa. Homem de poucas palavras e de poucos sorrisos, o que parece contraditório para alguém que faz rir, Benjamin sonha com o objeto que dará uma ventilada em sua vida, que apontará novos rumos e que o levará a se perceber como uma pessoa completa. Mas, claro, o resultado dessa jornada pessoal nem sempre é o que se espera e, espertamente, o diretor já joga com a perda imediata de identidade de Benjamin quando este larga o picadeiro para buscar ser outro alguém – com RG, CPF e comprovante de residência, como se orgulha de dizer em determinado momento. Ao deixar a trupe para trás, ele cai na escuridão.
É esse o magnífico plano que Selton realiza ao mostrar apenas o preto da sombra do corpo de Benjamin no chão quando os veículos partem sem ele com os objetos do circo . Foi ali, na busca da nova identidade, que o palhaço imediatamente perdeu aquilo que procurava. E só com a compra do ventilador mais adiante é que as ideias de Benjamin são ventiladas, mas não da forma que imaginava, com o simbolismo da mudança.
- Título original: (O Palhaço)
- Lançamento: 2011 (Brasil)
- Direção: Selton Mello
- Atores: Selton Mello, Paulo José, Giselle Motta, Larissa Manoela.
- Duração: 88 min
- Gênero: Comédia Dramática