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Resenha O misterioso caso dos Styles

Autora Agatha Christie                                                              Sinopse “Caía a madrugada na casa de campo de Styles qua...

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Resenha O misterioso caso dos Styles



Autora Agatha Christie 

                                                           

Sinopse

“Caía a madrugada na casa de campo de Styles quando moradores e convidados acordaram com os barulhos vindos do quarto de Emily Inglethorp, a proprietária da mansão. Aparentemente, ela estava sofrendo um ataque cardíaco, mas ninguém podia ajuda-la de imediato pois o cômodo estava trancado. Quando seus enteados John e Lawrence, e o capitão Hastings, amigo da família, conseguiram derrubar a porta, a matriarca sofria convulsões, morrendo instantes depois. Não demorou para que o médico passasse a suspeitar de assassinato por envenenamento.

Minhas considerações 

Lançado em 1920, o livro foi escrito durante a Primeira Guerra Mundial e marca a primeira vez que o detetive mais amado por essa leitora que vos escreve apareceu nos livros da Agatha Christie. Ele é narrado pelo capitão Arthur Hastings, que demonstra ser um admirador do trabalho de Hercule Poirot e o convence a investigar um caso de suspeita de assassinato na mansão Styles, onde estava a convite de Jonh Cavendish para o casamento de Emily Inglethorp e Alfred Inglethorp. Este,  por ser mais novo do que a sua noiva, tem que lidar com o preconceito e onde a frase "casou por dinheiro" era constantemente ouvida. Poirot, que estava hospedado bem perto da mansão, resolve aceitar o convite e parte para a investigação. 
Como a sinopse já antecipa,  Emily sofre um ataque cardíaco, mas essa história muda quando o médico suspeita de envenenamento,  tornando os moradores, assim como os seus convidados, suspeitos do crime. 
Hercule Poirot então começa a tecer, através dos detalhes contados pelos participantes, o desfecho dessa trama.
Eu confesso que suspeitei do assassino desde o começo. Minha dúvida era se ele(a) havia agido sozinho ou se estava confabulando com mais alguém. Mas à medida que ia lendo eu consegui desvendar. 
A solução, no entanto, está longe de ser fácil de deduzir. Agatha, em sua estreia literária de apresentação daquele que seria o então renomado detetive consegue envolver cada personagem na trama, nos fazendo suspeitar de tudo e de todos. Juntando isso à presença marcante de Poirot, temos nas mãos uma história instigante e que nos prende até o final.

Autora - Agatha Christie
Editora - Globo
Gênero - Romance Policial, Mistério, História de detetive
Páginas - 288
Ano - 2014
Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐

#literaturaestrangeira #readchristie #resenhaliteraria #rainhadocrime #agathachristie #desafioliterario2024 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Resenha: Longe é um Lugar que não Existe, de Richard Bach

Sinopse:
Há muito tempo, Rae Hansen, uma menina às vésperas de seus cinco anos, convida o amigo Richard Bach para a sua festa de aniversário. Confiante, ela o espera, apesar de saber que sua casa ficava além de desertos, tempestades e montanhas.....

Como Richard Bach chega até lá e o presente que ele lhe dá são narrados nessa história mágica que emocionou milhões de leitores desde a primeira publicação em 1979. 

"Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos? Se você quer estar com alguém a quem ama, já não está lá?" 

Minhas impressões sobre o livro: 

Longe é um lugar que não existe é aquela leitura que nos surpreende pelo fato de trazer várias lições sobre amizade e acima de tudo sobre a vida, nos surpreende por sua mensagem ser algo tão necessário ao nosso coração. O texto é narrado pelo próprio autor, visto que ele mesmo é o personagem que está indo visitar Rae Hansen em seu aniversário de cinco anos. 

 "Sua casa fica a mil quilômetros da minha e viajo apenas pela melhor das razões." 

Assim Richard Bach começa a sua viagem por amor a uma menininha. Esse livro mostra que a caminhada é a parte mais importante da viagem onde ele começa no "coração de um Beija-flor" fazendo parada na casa da "Coruja" de onde voa até a "Águia" prosseguindo seu caminho onde encontra o "Gavião" que o leva até a "Gaivota" que o deixa no seu destino final. Através dessas metáforas ele tece ricamente um enredo curto e direto, envolto em perguntas que vai deixando Richard pensativo e as vezes um pouco confuso por não saber as respostas. 

Todas as vezes que ele começa a sua jornada com um dos personagens ele explica o motivo de forma bem detalhada afim de que sua viagem seja bem compreendida pelos seu companheiro do momento, mas parece que para cada explicação, surge um questionamento e para cada questionamento Richard adiciona a sua narrativa o medo de não estar sendo bem lúdico sobre o propósito de sua visita a pequena Rae. A distância vai ficando cada vez menor e ele vai descobrindo pequenas grandes verdades. 

"Mas deve lembrar sempre que não saber não impede a verdade de ser verdadeira." 

 Todo aprendizado que Richard teve com os companheiros de viagem transforma-se em um presente lindo e inestimável para Rae. Algo que dinheiro nenhum poderia comprar, e o que é melhor, o tempo não o danifica, nem faz com que fique obsoleto, antes contudo, ele vai amadurecendo e se moldando assim como a Rae, cresce e se torna algo gigantesco. 

 "Rae, este é o último dia especial de comemoração a cada ano que estarei com você, tendo aprendido o que aprendi com os nossos amigos, os pássaros. Não posso ir ao seu encontro porque já estou com você". 

Longe é um lugar que não existe é uma obra que a princípio parece infantil, mas a mensagem que carrega com certeza é para corações amadurecidos pela amizade e repleto de saudades de alguém. 


Sobre o autor
A principal ocupação de Bach foi a de piloto reserva da Força Aérea e praticamente todos os seus livros envolvem o voo, desde suas primeiras histórias sobre voar em aeronaves até suas últimas, onde o voo é uma complexa metáfora filosófica. Bach alcançou enorme sucesso com Fernão Capelo Gaivota, que não foi igualado por seus livros posteriores; entretanto, seu trabalho continua popular entre os leitores. 

Richard Bach usava a Internet no princípio da década de 1990 com sua própria seção na Compuserve, de onde respondia e-mails pessoalmente, até que a enorme demanda o obrigou a largar o passatempo. Ele também mantinha um website, que , a partir de novembro de 2005, passou a apenas possuir uma ligação (em inglês) para a venda do livro "Messiah's Handbook
Fonte: Wikipédia 

Ficha técnica 
Editora Record 
Páginas 56 
Edição 18° 
Ilustrações H. Lee Shapiro
Tradução: A. B. Pinheiro de Lemos

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Resenha O Mar sem Estrelas

O Mar sem Estrelas

Erin Morgenstern





Sinopse


Quando Zachary Ezra Rawlins descobre um misterioso livro escondido na biblioteca de sua universidade, isso o leva a uma busca como nenhuma outra. Em meio a suas inebriantes narrativas sobre prisioneiros apaixonados e cidades perdidas, ele se depara com algo impossível: uma história de sua própria infância. Determinado a obter respostas que este livro sem título ou autor se recusa a prover, Zachary deve seguir as únicas pistas que encontra na capa – uma abelha, uma chave e uma espada. Em seu caminho, surgem duas pessoas que mudarão o curso de sua vida: Mirabel, uma impetuosa pintora de cabelos cor-de-rosa, e Dorian, um belo e enigmático homem descalço.

Navegando por bailes de máscaras e sociedades secretas, este é só o início de uma missão que o levará a um estranho labirinto subterrâneo, às margens do Mar Sem Estrelas. Um mundo maravilhoso de túneis sinuosos, cidades perdidas, amantes eternos e histórias a serem preservadas, custe o que custar…



Falar sobre O Mar sem Estrelas me deixa um pouco tímida, confesso, a sensação de que não vou conseguir transmitir a magia que se encerra dentro dessa obra chega a ser quase um peso. Escrevo então de uma forma despretensiosa sem contudo ser leviana.

Eu me considero uma leitora assídua e dificilmente um livro me surpreende, é raro eu me emocionar e ficar sem ação diante de alguma leitura, e mais raro ainda é eu me envolver ao ponto de  sonhar e querer viver dentro de uma história. Mas esse livro me pegou de uma forma que desde do seu início até o término eu vivi em um estado de êxtase e de fé. Sim meus amigos leitores, de fé! Passei a acreditar novamente em magia. Não falo da magia que por vezes podemos encontrar na beleza das flores ou no sorriso sincero de uma criança, mas da magia  que desperta a esperança, desperta a vontade de viver algo que se sabe que existe mas que não se alcança. não consegui deixar de pensar em um jogo chamado Myst onde o jogador viaja através de um livro para uma ilha misteriosa onde vive várias aventuras como se fosse um quebra-cabeças, e O Mar sem Estrelas é isso, um quebra-cabeças, onde cada capítulo por mais aleatório que seja (aleatório sim, nunca sem sentido ou magia), acabará se encaixando com maestria no final, e que final meus amigos, que final!

“Atrás da porta existe um outro lugar. Não a sala que fica atrás do muro. Algo mais. Ele sabe disso. Ele sente isso nos dedos dos pés. 

É isso que sua mãe chamaria de um momento com Significado. Um momento que muda os momentos seguintes.”



Sobre a história:


O livro é mágico. É uma história atemporal, ela existe dentro de um livro que esta dentro de outro livro. Para  Zachary  "Ler um romance é como jogar um jogo em que todas as escolhas foram feitas para você com antecedência por alguém que é muito melhor nesse jogo específico". E ele descobre por um acaso que sua história está nesse romance em um livro achado na biblioteca e se vê de volta a sua infância quando ele achou uma Porta mágica e não a abriu. É também sobre essa Porta, mas é sobre um Pirata, é sobre o Destino, o Tempo e a Lua, é sobre A Procura e Ao Encontro, (Para vocês terem uma ideia de como um simples capítulo impacta, eu e o meu amigo nos saudamos até hoje com essa frase), é sobre Mel,  Abelhas e Espadas, e tem a Chave com os quais os Guardiões, Acólitos e Cuidadores abrem esse grande Mar.

É sobre o Mar, onde às suas ondas vêm e vão e nenhuma é igual a outra, aliás acho que o mar e suas ondas descrevem bem a leitura, cada capítulo trazendo por vezes brumas, por outras leveza, mas entre uma e outra vem aquela que te derruba no chão e te arrasta mar adentro. É também sobre romance. E que romance! Não é possível depois que você se enreda com os personagens não desejar outra coisa além de que o amor triunfe em todas as suas formas. E não tem como não se emocionar quando a gente percebe que podemos não ter um final feliz. Mas quem é que pode dizer com certeza absoluta que finais felizes são apenas aqueles que concebemos em nossa mente? Não quero dizer que o final não seja perfeito pois é, apenas peço que abram suas mentes para algo novo e mágico. E também abandonem as ideias pré-concebidas que um romance gira em torno de um casal apenas. No nosso Mar cabem romances mais antigos como o fundamento do mundo, há romance que não se deixa afetar pelo tempo, redefinindo sua própria intemporaridade e há aquele que nasce nas ondas ondulantes.


“… Obrigada por me ver quando as outras pessoas olhavam através de mim como se eu fosse um fantasma…”

Deixo um conselho: leiam esse livro como se degustassem algo novo e único, para não correrem o risco (que é inevitável) de ficar órfã como a Anne de Green Glabes, ou parar para olhar dentro de cada guarda-roupa tentando achar o caminho para Nárnia, ou quem sabe continue aguardando o encontro com o inesperado olhando os céus a procura de uma coruja com uma carta de Hogwarts para te levar rumo ao inesperado pois no momento que acabarem de ler, no exato momento da virada da última pagina, cada um de vocês vai começar a procurar uma porta que pode ou não ser a sua, isso não vai fazer diferença desde que achem  e entrem por ela.

Sugiro para todos que enquanto não souberem exatamente o que procuram, comece abrindo o Mar sem Estrelas!



“… Essas portas cantam. São canções de sereia silenciosas para aqueles que buscam o que há atrás delas. 
Para aqueles que sentem
Saudades de um lugar aonde nunca foram…”



Sobre a autora:

Erin Morgenstern (nascida em 8 de julho de 1978) é uma artista multimídia americana e autora de dois romances de fantasia.O Circo da Noite (2011) foi publicado em mais de uma dúzia de idiomas e ganhou o Prêmio Locus anual de Melhor Primeiro Romance . Ela recebeu em 2012 o Prêmio Alex . Seu segundo livro,
Mar sem Estrelas , foi publicado em 2019.

Erin Morgenstern foi criada em Marshfield, Massachusetts e estudou teatro e arte de estúdio no Smith College em Northampton, Massachusetts , graduando-se em 2000. Além de escrever, ela pinta, principalmente em acrílicos, incluindo o baralho de tarô Phantomwise . Ela assinou com a Inkwell Management em maio de 2010 após ser rejeitada por trinta agentes literários, e vendeu seu romance de estreia para a Doubleday em setembro de 2010.

Fonte: Wikipédia



“- À Procura.

— Ao Encontro.”


Número de páginas: 544

Idioma: Português

Editora: Morro Branco

Data da publicação: 21 junho 2021

Gêneros: Fantasia, Literatura fantástica, Romance de amor, Realismo mágico, Fantasia romântica, Romance LGBT+

Crédito da imagem: Editora Morro Branco


Dedico essa resenha a todas as meninas do Grupo de Biblioterapia, vocês fazem parte dessa jornada!

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

RESENHA MINI SÉRIE - GODLESS

 GODLESS

Título original - Sem Deus

Ano - 2017

Duração - 60 min.

Episódios - 07

País - Estados Unidos Estados Unidos

Direção e Script - Scott Frank

Produtor Executivo - Steven Soderbergh

Música - Carlos Rafael Rivera

Fotografia - Steven Meizler

Empresa de produção - Netflix

Gênero - Drama | Minissérie de TV. Vingança


Elenco

Jack Connell , Michelle Dockery , Jeff Daniels , Sam Waterston ,

Scoot McNairy , Merritt Wever , Thomas Brodie-Sangster ,

Tantoo Cardeal , Luke Robertson , Alexander River , Joleen

Baughman , Kayli Carter , Donald Cerrone , Kim Coates , Rachel

de la Torre Tess Frazer , Evan Bryn Graves , Travis Hammer ,

Keith Jardine , Joe Pingue , Matthew Dennis Lewis , Russell

Dennis Lewis , Audrey Moore , Samuel Marty , Jeremy Bobb ,

Brian Lee Franklin , Bill Jones , Michael Earl Reid , Justin Welborn

e Adam David Thompson


Sinopse


Frank Griffin, um bandido implacável que está aterrorizando uma

vasta área do oeste americano de 1880, vai caçar o jovem Roy

Goode, um ex-protegido dele transformado em seu maior

inimigo. Roy, fugindo de Frank e de sua banda temida, se

esconde em uma fazenda em La Belle, no Novo México, uma

cidade composta principalmente de mulheres viúvas após o

colapso da mina onde os homens trabalhavam.

Scott Frank, criador de Godless, que nesse mesmo ano nos

trouxe uma história de super-heróis com o Logan, gosta do estilo

Western. O roteirista há muito queria essa história, mas não

conseguiu encontrar o lugar para fazê-lo até que Steven

Soderbergh, como produtor, o recomendasse para converter sua

ideia de um filme em uma minissérie. E assim terminou no

Netflix.


Godless são sete episódios centrados no território do Novo

México, na década de 1880. Seu cenário são as pequenas cidades

no meio do nada, através das quais a ferrovia recém-inaugurada

não passa. Povos em que os fazendeiros têm que cavar fundo

para obter água em seus poços, onde vento e poeira se

esgueiram em todos os lugares e onde sempre há homens sem

escrúpulos que levarão o que quiserem. Protege a lei do revólver

mais rapidamente.

Apesar da série mostrar um povoado com sua população de 97%

de mulheres, o roteirista afirmou que sua intenção com Godless

não era levantar a bandeira do feminismo como foi tentado

publicitar: Eu não estava interessado em fazer um grande

argumento feminista. Não sei se tenho o direito. O que eu queria

fazer era focar em personagens cujas histórias nunca são ditas, e

as mulheres são as principais. Minha matéria favorita é

identidade e pessoas presas em vidas que nunca planejaram. A

maioria dos personagens desta história se encaixa lá. 











Sua história gira em torno da rivalidade entre o lendário e

sedento de sangue Frank Griffin (um ameaçador Jeff Daniels) e o

atirador Roy Goode (Jack Connell), que o atrapalha. Os

espectadores sabem que Godless terminará o confronto final

entre eles, e que, no meio, os habitantes de La Belle acabarão

arrastados, uma cidade mineira que perdeu todos os seus

homens em um acidente.


Jeff Daniels empresta seu talento para dar vida a Frank Griffin,

que como todo bom vilão, ou melhor, como todo bom

antagonista, é um personagem intenso e parece ter um passado

interessante, mesmo que não venha a ser trabalhado. Sua

autoridade sobre seus seguidores parece absoluta, e ele trata a

cada integrante de seu bando como família, adotando alguns

deles desde pequenos, como é o caso de Roy Goode, que ao

abandonar o bando faz com que Griffin se sinta terrivelmente

traído e sai em uma perseguição sangrenta atrás de vingança.

Mas apesar dele ser apresentado como uma pessoa sanguinária,

e ele realmente é, também nos é apresentado um lado humano

desse vilão, o lado de adotar, cuidar e proteger, de ser capaz de

ajudar pessoas ao redor nos traz certa empatia e deixa o

expectador na dúvida se ele deve morrer ou não no final.











Jack Connell é Roy Goode, diferente do que se espera de um

fora-da-lei, ele aparenta ser uma boa pessoa e em nenhum

momento se torna agressivo com aqueles que o abrigaram,

mesmo sem saber de sua identidade. Em certo momento, ele até

mesmo pensa o que é melhor para eles, mesmo que para isso ele

tenha que ir embora. Erra quem assisti aos primeiros episódios e

tenta adivinhar o seu final. É justamente essas reviravoltas que

fazem de Godless uma série diferente.


Scoot McNairy e quem interpreta o xerife Bill McNue de La Belle.

O ineficaz comissário que se compromete com a luta numa

compreensão frenética por um senso de propósito. Viúvo que

lentamente esta perdendo sua visão, Bill é pouco mais do que

uma piada para as mulheres, que o chamam de covarde. Mas

McNairy impõe Bill com uma vulnerabilidade pungente, uma

alternativa rara para o típico insurgente do western. Uma das

melhores cenas da série retrata Bill e Griffin que simplesmente

continua em seu caminho, sabendo que Bill não representa uma

ameaça e se recusa a conceder ele a dignidade de se tornar um

mártir. O final do personagem é longe de ser previsível.

Michelle Dockery (Downton Abbey e Anna Karenina), é Alice

Fletcher e que se destaca como a viúva que se reinventa (e que

assume um papel às vezes muito na linha do pistoleiro que pensa

mais do que fala estilo Clint Eastwood) a fazendeira que perde

dois maridos e que vive separado do resto da cidade, tentando

domar uma terra muito mais teimosa e selvagem do que os

cavalos que vende. A história mais interessante de Godless está

lá, no que poderia ser uma versão feminina de Deadwood.


Merritt Wever é Mary Agnes, a viúva que, após as mortes de

quase todos os homens na cidade velha de La Belle, leva a usar

calças, carregando uma arma, transforma-se em uma força

arrogante e sensível da natureza, e que, no entanto, revela uma

certa doçura e até timidez, sob seu exterior áspero. O elenco

secundário é sólido, mas ninguém é mais eletrizante do que essa

extraordinária personagem.


Essas mulheres tomam as rédeas de sua história, e quando os

homens começam a aparecer dizendo praticamente que vão

salvá-las, alguns cheiram de pecado. São as resolutivas da cidade,

cujo xerife está perdendo a vista e representam os personagens

que Scott Frank queria tanto retratar.

As viúvas, os homens da lei que ninguém leva a sério, os poucos

afro-americanos que vivem no lugar. Eles são os protagonistas de

Godless, e o antagonista que constrói a figura de Frank Griffin é

bastante brutal (parece tirado da narrativa de Wyatt em

Westworld)

Godless presta homenagem a alguns dos mais clássicos do

gênero (a emboscada no desfiladeiro, os cavalos fugitivos, o

estranho que chega na cidade e ganha a confiança de uma

família) e, ao mesmo tempo, tenta oferecer outras tramas

focando em histórias.


O que eu acho especialmente absorvente de Godless é como

deixa espaço para todos os seus personagens, suas histórias e

seus arcos emocionais, misturando o melhor do gênero com

histórias incomuns sobre gênero, raça e fé, pois em um povoado

basicamente só de mulheres, era de se esperar que os laços

afetivos se estendessem para um romance onde o próprio

gênero não se tornou uma barreira. Onde só uma etnia reina e

os negros são excluídos, porém não miseráveis e que constituem

um povoado a parte de La Belle, sendo os únicos a quem Frank

realmente vê como uma ameaça.

Godless torna seu mundo tão expansivo como as vastas

planícies, lindamente filmadas em Santa Fe, embalado com belas

paisagens infinitas e uma grande quantidade de personagens

fascinantes. Com interpretações sólidas suas tramas diferentes

criam um final que é não convencional o que o torna satisfatório

e que faz a viagem valer a pena.      


Eu amei a trilha sonora, Carlos Rafael Rivera o produtor musical

foi muito feliz e teve a sensibilidade para pôr em canções os

sentimentos não falados pelos personagens. É um show parte.

Em pleno século XXI, podemos dizer que o Western não morreu!

RESENHA - A GAROTA DO TREM


SINOPSE

Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para

Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua

rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante

Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá

que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada

com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Janson –,

Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do

jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos

antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias

depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está

desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai

à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando

diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da

vida de todos os envolvidos.



A história gira em torno de três mulheres e seus relacionamentos

afetivos com Tom e Scott: Rachel, Anna e Megan

Rachel: Separada de Tom, por causa do seu alcoolismo, Rachel

viaja todos os dias num trem que passa por sua antiga

vizinhança, e para evitar olhar para a casa onde vivia observa a

vida aparentemente feliz de Megan, que envolve muito carinho e

sexo com seu marido, até que um dia dá de cara com uma cena

que a deixa chocada: a Megan está com um homem diferente.

Desconcertada com isso e muito bêbada, ela vai até o local, tem

um apagão e mais tarde descobre que Megan desapareceu, e

por estar sempre “perseguindo” seu ex ela se torna suspeita, já

que a vítima trabalha para ele. A partir daí ela tem que tentar se

manter sóbria para descobrir o que aconteceu, quem causou e

até que ponto está envolvida nisso. Rachel não é apenas fraca,

ocasionalmente ela apresenta ser rancorosa e auto-compasiva,

também tem excesso de peso e relativamente pouco atraente;

um saco triste em comparação com uma Megan e Anna.

“De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se

fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de

terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso

crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do

concreto; você se molda a partir das lacunas.” Rachel – pg 114


Anna: Casada com Tom, o ex marido de Rachel, com quem tem

uma filha, e Megan é a babá da criança.

Seu status mudou de amante e segunda opção a dona de casa,

esposa e mãe, Anna não parece se sentir como deveria, uma

mulher realizada, em sua nova função. A dedicação à sua filha é,

talvez, a coisa mais verdadeira e real para ela, porem no

casamento, a sombra de Rachel sempre a incomodou. Ligações

anônimas e mensagens com remetente oculto no celular de Tom

fazem-na pensar que a sua família jamais se veria livre da

perseguição da inconformada ex de seu marido, por mais que ele

dissesse que tais atitudes eram inofensivas.

“Não tem trabalho mais importante do que criar um filho”.

(Anna)


Megan: Casada com Scott, e que na visão de Rachel, é o exemplo

de relacionamento perfeito, onde a felicidade reina plenamente,

no entanto, quando olhamos com os olhos de Megan,

recebemos um choque ao constatar como as aparências

enganam, e que aqueles momentos não diziam nada sobre sua

verdadeira condição. Por mais que a vida de Megan tivesse

muitos confortos, ela não era feliz. Seu passado é uma incógnita,

e ela não está em sincronia com o marido quanto ao casamento.

Semanalmente ela confidencia ao seu terapeuta, Dr. Abdic, todas

as suas infelicidades, e não demora muito para que possamos

perceber que por trás de sua leveza física, não há como

mensurar o tamanho da bagagem emocional que carrega. Megan

passa seus dias em fingimento, e sequer é preciso muita atenção

para perceber a apatia em seu semblante.

“Uma vez, um professor me disse que eu era mestre em me

reinventar. Eu não tinha certeza do que isso significava naquela

época, mas desde que eu me mudei pra cá eu comecei a

entender… Eu quero recomeçar a minha vida. Até agora, eu fui:

uma adolescente rebelde, amante, garçonete, diretora de

galeria, babá e puta. Não necessariamente nessa ordem.”

(Megan)


Você vai conhecendo mais da história de cada uma delas,

entendendo seus dramas e dilemas e cada hora suspeita de uma

coisa que vai ser desconstruída logo em seguida (ou não).

Essa relação de três mulheres aparentemente problemáticas

com os três homens “misteriosos”: Tom, ex marido de Rachel e

atual de Anna, Scott e Kamal Abdic, marido e terapeuta de

Megan, respectivamente, e é a presença deles que nos dá

exemplos claros de dois assuntos que estão entrelaçados no


Temas dentro do enredo: relacionamentos abusivos e gaslighting (O nome

é complexo, mas seu significado é bastante familiar para muitas

mulheres. Trata-se de uma forma de abuso psicológico no qual

informações são distorcidas e/ou omitidas para favorecer o

abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a

vítima acreditar que é louca e neurótica, duvidando de sua

própria memória e sanidade). Relacionamento abusivo não é

apenas aquele marcado por agressões físicas ou trocas de

ofensas e xingamentos. A relação pode se tornar tóxica de forma

bastante sutil, resultando em grande impacto negativo na

autoestima e na confiança da vítima.

O primeiro está explícito desde o momento em que conhecemos

Megan, durante suas sessões de terapia, ela permanece com

Scott mesmo sem vontade nenhuma, mesmo tendo sua vida

completamente controlada, quase como forma de autopunição

pelos seus erros do passado, e só consegue se abrir para Abdic,

com quem tenta ter um caso loucamente. Ele é tão absurdo que

após o desaparecimento esse comportamento agressivo acaba

sendo “transportado” para a coitada da Rachel que entra em

contato tentando ajudar, no final das contas a gente vê que não

importa os erros da pessoa, ninguém merece ser tratado assim.

Inclusive muito do que rola na vida da Megan (e que acaba

causando seu fim trágico) poderia ter sido evitado desde o início

da parte difícil da sua história se ela tivesse tido apoio pra

melhorar e sentir menos culpa pelo que passou.

O segundo nos vemos claramente que a Rachel foi vitima

durante muito tempo, e que isso influencia na sua vida presente

de uma maneira catastrófica, levando-a a acreditar em sua

completa incapacidade de ser elegível para ser amada.

O que é, contudo, a bebida. Rachel é um tônico de vodca

decadente e exuberante em uma taça de plástico. Por isso, ela

atende um único A.A. reunião e bingo! - o problema começa a

ser limpo. Percebemos que o alcoolismo nunca foi um tema

sério; era apenas uma desculpa para a síndrome das falsas

memórias e, portanto, uma maneira preguiçosa que a autora

usou para mexer com a lógica da história.

O suspense da história perde importância para o drama

psicológico das três principais personagens femininas. Quanta

depressão, meu Deus! Uma leitura pesada, melhor partir para

outra se não estiver de bem com a vida, não vale a pena! Mesmo

após o final, o que fica é uma sensação de depressão a solta no

ar. No cerne de tudo estão duas questões fundamentais: a

maternidade e a influência dos parceiros no destino de cada uma

delas.

No entanto, como Hawkins demonstra, as identidades

aparentemente fixas assim como seus enredos têm sua base em

conclusões tão firmes quanto castelos erguidos areias. Quanto

mais Rachel descobre sobre  Megan, menos gosta dela. Em um

eco claro de Garota Exemplar, Scott, o marido aparentemente

aflito, é também mais escorregadio do que a sua maneira

encantadora. Anna, também, parece parecer menos uma vítima

inocente e mais como uma pessoa vingativa. Tom é um cara legal

responsável e muito compreensivo com a sua ex-esposa

extravagante, mas porque parece que há alguma coisa

preocupante espreitando por baixo de sua superfície calma?

Hawkins manipula perspectivas e prazos com grande habilidade,

e um suspense considerável, mas que em determinados

momentos me deu um soninho, se acumula junto com a empatia

por um personagem central incomum que de imediato não

agarra o leitor. Garota Exemplar de Hawkins

é pouco criativa e deixa a desejar.


Quem é quem segundo minha interpretação:

Leiam atentamente e responda se puder as perguntas que se

seguem.

Rachel era casada com Tom, mas Tom teve um caso com Anna,

que agora é sua esposa.

Ele e Anna têm um bebê, cuja babá é a Megan. Megan parece

um pouco com Anna. Ela-Megan, não Anna, vive com Scott, que

é assustador e possessivo, embora Tom também fique nada

atrás. Não tão atrás quanto Kamal, no entanto, que é o

terapeuta de Megan. Rachel logo se tornará paciente do Kamal.

Fique segurando a história um pouco aqui comigo e observe

outros fatos:

Acontece que Rachel, que está obcecada com o ex, faz um

passeio de trem duas vezes por dia que passa pela casa onde

Tom e Anna vivem. Um dia, ela - Rachel, não Anna - vê, ou acha que ela vê, uma mulher de cabelos loiros, que poderia ser Megan, embora possa ser confundida com Anna, beijando um homem de cabelos escuros, que poderia ser Scott, Tom, Kamal, ou possivelmente o cara de entrega FedEx, em uma varanda.

Diante dessa evidência devastadora, ela, Rachel, se torna uma detetive, juntando-se, um pouco imprudentemente, com Scott, que acredita, um pouco errado, que é amiga de Megan.

Então vamos lá juntar tudo:

(1) Quem se relaciona com quem?

(2) Quem não se relaciona?

(3) Quem é atacado?

(4) Por que Rachel não pode ocupar-se de sua própria vida?

Tais são os problemas que surgiram do livro e no filme principalmente, que eles não podiam ignorar. Eu não consegui.

Será que importa que a trama esteja tão cheia de buracos que

você poderia usar para drenar espaguete? Para mim a resposta é

sim! Me importei com os buracos deixados e o final clichê. Os

leitores inocentes da novela de Hawkins, podem nem se

importar que o toque final seja visível de muitas léguas distantes.

Foi muito fácil para mim descobrir o “gran finale”, o que me fez

perder o interesse pela leitura, que eu só conclui porque estava

lendo em conjunto com um grupo de pessoas.

Ah! Fica uma crítica sobre o título: As personagens principais são

mulheres, e rotulá-las como meninas é como taxa-las de infantis,

como se fossem facilmente levadas por circunstâncias ou

sentimentos de uma adolescente e, portanto, mais propensas a

se perderem ou a não conseguir lidar com os sentimentos, e,

precisar submeter seus problemas à consideração dos adultos.

Elas podem ser tudo, menos chamadas de garotas.

Desejo que se alguém for se aventurar a ler Garota no Trem

tenha uma experiência mais prazerosa do que a minha.


Título: A Garota no Trem

Autora: Paula Hawkins

Editora: Record

Páginas: 378

Ano: 2015


Link de compra

https://www.amazon.com.br/garota-no-trem-Paula-Hawkins/dp/8501104655/ref=as_li_ss_tl?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=A+garota+do+trem&qid=1598463683&sr=8-1&linkCode=sl1&tag=culturaeacao-20&linkId=9448a5f2a304564dad5a165d042fcb4b&language=pt_BR&fbclid=IwAR0x3g3sQFqaKXT9w_Awk3GEtC0L1L8tgJJroGzxE4Ivp8fcVMkoA1hN1qU


#Resenha #Leitura #Cultura #agarotadotrem 

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Critica do filme O PALHAÇO

Escolhido para representar o Brasil na premiação do Oscar em 2013, numa vaga na categoria de melhor filme estrangeiro, O Palhaço alcançou a marca de mais de 1 milhão e 500 mil espectadores. Foi indicado em 14 categorias e venceu 12 do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, incluindo a de Roteiro Original, para Marcelo Vindicatto e Selton Mello.

Estamos em um circo pobrinho, mambembe. Uma trupe de saltimbancos. A lona é rasgada, a acomodação pouca, as roupas gastas. Não importa, porque o brilho estará nos olhos de quem vê o artista nesse espaço mágico.

Claro que Selton Mello inspira-se na linguagem universal usada por gênios do cinema como Fellini e Chaplin. Mas aqui, o palhaço está vestido de verde e amarelo e o circo enfeitado pela paisagem de homens e mulheres simples com crianças nos braços, uma plateia unida, sem mau humor, sob a lona do Circo Esperança.

Sinopse:


Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho, a sua identidade. Quando chega a hora da partida, a tristeza visita os amigos da diversão e de concreto mesmo, só a certeza de que o mundo dá voltas, redondo com o picadeiro.


Procurando ser alguém:

“Puro Sangue” (Paulo José) e Pangaré (Selton Mello), pai e filho palhaços, abrem o espetáculo. E desfilam a gorda com roupas de menina, a dançarina de vermelho, odalisca e espanhola atraindo olhares, os músicos, os equilibristas e a menina bonita que causa admiração pela lourice. Vale a pena destacar a enorme diferença entre os nomes dos palhaços, o que me leva a pensar sobre o quanto um pangaré deve desejar a ser um puro sangue. A crise existencial começa ja nesse ponto. 

Selton  Interpretando Benjamin,  mostra a angustia de não se sentir completo profissionalmente e as buscas pela identidade pessoal e por novos ares – e justamente aí reside toda a simbologia do ventilador. Presente desde o início, o objeto figura no imaginário do personagem a todo instante após ser indagado por um amigo do circo sobre o motivo de não comprar um ventilador para refrescá-los durante as andanças pelas cidades do interior do Brasil. E os significados começam a jorrar na tela de forma sutil. Benjamin, percebe-se pela riqueza das imagens, culpa a sua falta de identidade (não se vê como pessoa sem ter um RG) por não conseguir alcançar os desejados novos ares.
Assim, a sua certidão, sua única identificação, é o passaporte para questionar quem é ele enquanto palhaço e pessoa. Homem de poucas palavras e de poucos sorrisos, o que parece contraditório para alguém que faz rir, Benjamin sonha com o objeto que dará uma ventilada em sua vida, que apontará novos rumos e que o levará a se perceber como uma pessoa completa. Mas, claro, o resultado dessa jornada pessoal nem sempre é o que se espera e, espertamente, o diretor já joga com a perda imediata de identidade de Benjamin quando este larga o picadeiro para buscar ser outro alguém – com RG, CPF e comprovante de residência, como se orgulha de dizer em determinado momento. Ao deixar a trupe para trás, ele cai na escuridão. 
É esse o magnífico plano que Selton realiza ao mostrar apenas o preto da sombra do corpo de Benjamin no chão quando os veículos partem sem ele com os objetos do circo . Foi ali, na busca da nova identidade, que o palhaço imediatamente perdeu aquilo que procurava. E só com a compra do ventilador mais adiante é que as ideias de Benjamin são ventiladas, mas não da forma que imaginava, com o simbolismo da mudança.

Há um congraçamento, um sentido de família no circo, que Selton Mello incorporou com perfeição no seu roteiro. Gerações de atores se misturam, contracenando nesse filme que quer ser feliz.

Já começa pela dupla de pai e filho palhaços. Paulo José tem uma longa e vitoriosa história de palcos e telas e o Parkinson não o desencorajou. Continua a ser o ator que carrega a emoção nos olhos brilhantes.

Há uma comunicação comovente entre os dois palhaços que supera a barreira da fantasia e faz pensar na continuidade da profissão de ator. Aliás, na vocação necessária ao exercício pleno dessa arte.

E vamos reencontrar figuras da TV que não vemos há muito tempo. Estão lá Moacir Franco numa ponta magistralmente aproveitada como o delegado Justo e premiada no Festival de Paulínia, o “Zé Bonitinho”, Jorge Loredo e o simpático Ferrugem. Larissa Manoela faz, com graça, o contraponto da nova geração.

“O Palhaço” é um filme delicado, intimista, que não serve gargalhadas, nem piadas chulas.


Nesse filme encantador, você vai sorrir 
e lembrar da sua infância.



Ficha técnica (O Palhaço)
  • Título original: (O Palhaço)
  • Lançamento: 2011 (Brasil)
  • Direção: Selton Mello
  • Atores: Selton Mello, Paulo José, Giselle Motta, Larissa Manoela.
  • Duração: 88 min
  • Gênero: Comédia Dramática