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Resenha O misterioso caso dos Styles

Autora Agatha Christie                                                              Sinopse “Caía a madrugada na casa de campo de Styles qua...

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

RESENHA MINI SÉRIE - GODLESS

 GODLESS

Título original - Sem Deus

Ano - 2017

Duração - 60 min.

Episódios - 07

País - Estados Unidos Estados Unidos

Direção e Script - Scott Frank

Produtor Executivo - Steven Soderbergh

Música - Carlos Rafael Rivera

Fotografia - Steven Meizler

Empresa de produção - Netflix

Gênero - Drama | Minissérie de TV. Vingança


Elenco

Jack Connell , Michelle Dockery , Jeff Daniels , Sam Waterston ,

Scoot McNairy , Merritt Wever , Thomas Brodie-Sangster ,

Tantoo Cardeal , Luke Robertson , Alexander River , Joleen

Baughman , Kayli Carter , Donald Cerrone , Kim Coates , Rachel

de la Torre Tess Frazer , Evan Bryn Graves , Travis Hammer ,

Keith Jardine , Joe Pingue , Matthew Dennis Lewis , Russell

Dennis Lewis , Audrey Moore , Samuel Marty , Jeremy Bobb ,

Brian Lee Franklin , Bill Jones , Michael Earl Reid , Justin Welborn

e Adam David Thompson


Sinopse


Frank Griffin, um bandido implacável que está aterrorizando uma

vasta área do oeste americano de 1880, vai caçar o jovem Roy

Goode, um ex-protegido dele transformado em seu maior

inimigo. Roy, fugindo de Frank e de sua banda temida, se

esconde em uma fazenda em La Belle, no Novo México, uma

cidade composta principalmente de mulheres viúvas após o

colapso da mina onde os homens trabalhavam.

Scott Frank, criador de Godless, que nesse mesmo ano nos

trouxe uma história de super-heróis com o Logan, gosta do estilo

Western. O roteirista há muito queria essa história, mas não

conseguiu encontrar o lugar para fazê-lo até que Steven

Soderbergh, como produtor, o recomendasse para converter sua

ideia de um filme em uma minissérie. E assim terminou no

Netflix.


Godless são sete episódios centrados no território do Novo

México, na década de 1880. Seu cenário são as pequenas cidades

no meio do nada, através das quais a ferrovia recém-inaugurada

não passa. Povos em que os fazendeiros têm que cavar fundo

para obter água em seus poços, onde vento e poeira se

esgueiram em todos os lugares e onde sempre há homens sem

escrúpulos que levarão o que quiserem. Protege a lei do revólver

mais rapidamente.

Apesar da série mostrar um povoado com sua população de 97%

de mulheres, o roteirista afirmou que sua intenção com Godless

não era levantar a bandeira do feminismo como foi tentado

publicitar: Eu não estava interessado em fazer um grande

argumento feminista. Não sei se tenho o direito. O que eu queria

fazer era focar em personagens cujas histórias nunca são ditas, e

as mulheres são as principais. Minha matéria favorita é

identidade e pessoas presas em vidas que nunca planejaram. A

maioria dos personagens desta história se encaixa lá. 











Sua história gira em torno da rivalidade entre o lendário e

sedento de sangue Frank Griffin (um ameaçador Jeff Daniels) e o

atirador Roy Goode (Jack Connell), que o atrapalha. Os

espectadores sabem que Godless terminará o confronto final

entre eles, e que, no meio, os habitantes de La Belle acabarão

arrastados, uma cidade mineira que perdeu todos os seus

homens em um acidente.


Jeff Daniels empresta seu talento para dar vida a Frank Griffin,

que como todo bom vilão, ou melhor, como todo bom

antagonista, é um personagem intenso e parece ter um passado

interessante, mesmo que não venha a ser trabalhado. Sua

autoridade sobre seus seguidores parece absoluta, e ele trata a

cada integrante de seu bando como família, adotando alguns

deles desde pequenos, como é o caso de Roy Goode, que ao

abandonar o bando faz com que Griffin se sinta terrivelmente

traído e sai em uma perseguição sangrenta atrás de vingança.

Mas apesar dele ser apresentado como uma pessoa sanguinária,

e ele realmente é, também nos é apresentado um lado humano

desse vilão, o lado de adotar, cuidar e proteger, de ser capaz de

ajudar pessoas ao redor nos traz certa empatia e deixa o

expectador na dúvida se ele deve morrer ou não no final.











Jack Connell é Roy Goode, diferente do que se espera de um

fora-da-lei, ele aparenta ser uma boa pessoa e em nenhum

momento se torna agressivo com aqueles que o abrigaram,

mesmo sem saber de sua identidade. Em certo momento, ele até

mesmo pensa o que é melhor para eles, mesmo que para isso ele

tenha que ir embora. Erra quem assisti aos primeiros episódios e

tenta adivinhar o seu final. É justamente essas reviravoltas que

fazem de Godless uma série diferente.


Scoot McNairy e quem interpreta o xerife Bill McNue de La Belle.

O ineficaz comissário que se compromete com a luta numa

compreensão frenética por um senso de propósito. Viúvo que

lentamente esta perdendo sua visão, Bill é pouco mais do que

uma piada para as mulheres, que o chamam de covarde. Mas

McNairy impõe Bill com uma vulnerabilidade pungente, uma

alternativa rara para o típico insurgente do western. Uma das

melhores cenas da série retrata Bill e Griffin que simplesmente

continua em seu caminho, sabendo que Bill não representa uma

ameaça e se recusa a conceder ele a dignidade de se tornar um

mártir. O final do personagem é longe de ser previsível.

Michelle Dockery (Downton Abbey e Anna Karenina), é Alice

Fletcher e que se destaca como a viúva que se reinventa (e que

assume um papel às vezes muito na linha do pistoleiro que pensa

mais do que fala estilo Clint Eastwood) a fazendeira que perde

dois maridos e que vive separado do resto da cidade, tentando

domar uma terra muito mais teimosa e selvagem do que os

cavalos que vende. A história mais interessante de Godless está

lá, no que poderia ser uma versão feminina de Deadwood.


Merritt Wever é Mary Agnes, a viúva que, após as mortes de

quase todos os homens na cidade velha de La Belle, leva a usar

calças, carregando uma arma, transforma-se em uma força

arrogante e sensível da natureza, e que, no entanto, revela uma

certa doçura e até timidez, sob seu exterior áspero. O elenco

secundário é sólido, mas ninguém é mais eletrizante do que essa

extraordinária personagem.


Essas mulheres tomam as rédeas de sua história, e quando os

homens começam a aparecer dizendo praticamente que vão

salvá-las, alguns cheiram de pecado. São as resolutivas da cidade,

cujo xerife está perdendo a vista e representam os personagens

que Scott Frank queria tanto retratar.

As viúvas, os homens da lei que ninguém leva a sério, os poucos

afro-americanos que vivem no lugar. Eles são os protagonistas de

Godless, e o antagonista que constrói a figura de Frank Griffin é

bastante brutal (parece tirado da narrativa de Wyatt em

Westworld)

Godless presta homenagem a alguns dos mais clássicos do

gênero (a emboscada no desfiladeiro, os cavalos fugitivos, o

estranho que chega na cidade e ganha a confiança de uma

família) e, ao mesmo tempo, tenta oferecer outras tramas

focando em histórias.


O que eu acho especialmente absorvente de Godless é como

deixa espaço para todos os seus personagens, suas histórias e

seus arcos emocionais, misturando o melhor do gênero com

histórias incomuns sobre gênero, raça e fé, pois em um povoado

basicamente só de mulheres, era de se esperar que os laços

afetivos se estendessem para um romance onde o próprio

gênero não se tornou uma barreira. Onde só uma etnia reina e

os negros são excluídos, porém não miseráveis e que constituem

um povoado a parte de La Belle, sendo os únicos a quem Frank

realmente vê como uma ameaça.

Godless torna seu mundo tão expansivo como as vastas

planícies, lindamente filmadas em Santa Fe, embalado com belas

paisagens infinitas e uma grande quantidade de personagens

fascinantes. Com interpretações sólidas suas tramas diferentes

criam um final que é não convencional o que o torna satisfatório

e que faz a viagem valer a pena.      


Eu amei a trilha sonora, Carlos Rafael Rivera o produtor musical

foi muito feliz e teve a sensibilidade para pôr em canções os

sentimentos não falados pelos personagens. É um show parte.

Em pleno século XXI, podemos dizer que o Western não morreu!

RESENHA - A GAROTA DO TREM


SINOPSE

Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para

Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua

rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante

Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá

que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada

com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Janson –,

Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do

jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos

antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias

depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está

desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai

à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando

diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da

vida de todos os envolvidos.



A história gira em torno de três mulheres e seus relacionamentos

afetivos com Tom e Scott: Rachel, Anna e Megan

Rachel: Separada de Tom, por causa do seu alcoolismo, Rachel

viaja todos os dias num trem que passa por sua antiga

vizinhança, e para evitar olhar para a casa onde vivia observa a

vida aparentemente feliz de Megan, que envolve muito carinho e

sexo com seu marido, até que um dia dá de cara com uma cena

que a deixa chocada: a Megan está com um homem diferente.

Desconcertada com isso e muito bêbada, ela vai até o local, tem

um apagão e mais tarde descobre que Megan desapareceu, e

por estar sempre “perseguindo” seu ex ela se torna suspeita, já

que a vítima trabalha para ele. A partir daí ela tem que tentar se

manter sóbria para descobrir o que aconteceu, quem causou e

até que ponto está envolvida nisso. Rachel não é apenas fraca,

ocasionalmente ela apresenta ser rancorosa e auto-compasiva,

também tem excesso de peso e relativamente pouco atraente;

um saco triste em comparação com uma Megan e Anna.

“De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se

fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de

terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso

crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do

concreto; você se molda a partir das lacunas.” Rachel – pg 114


Anna: Casada com Tom, o ex marido de Rachel, com quem tem

uma filha, e Megan é a babá da criança.

Seu status mudou de amante e segunda opção a dona de casa,

esposa e mãe, Anna não parece se sentir como deveria, uma

mulher realizada, em sua nova função. A dedicação à sua filha é,

talvez, a coisa mais verdadeira e real para ela, porem no

casamento, a sombra de Rachel sempre a incomodou. Ligações

anônimas e mensagens com remetente oculto no celular de Tom

fazem-na pensar que a sua família jamais se veria livre da

perseguição da inconformada ex de seu marido, por mais que ele

dissesse que tais atitudes eram inofensivas.

“Não tem trabalho mais importante do que criar um filho”.

(Anna)


Megan: Casada com Scott, e que na visão de Rachel, é o exemplo

de relacionamento perfeito, onde a felicidade reina plenamente,

no entanto, quando olhamos com os olhos de Megan,

recebemos um choque ao constatar como as aparências

enganam, e que aqueles momentos não diziam nada sobre sua

verdadeira condição. Por mais que a vida de Megan tivesse

muitos confortos, ela não era feliz. Seu passado é uma incógnita,

e ela não está em sincronia com o marido quanto ao casamento.

Semanalmente ela confidencia ao seu terapeuta, Dr. Abdic, todas

as suas infelicidades, e não demora muito para que possamos

perceber que por trás de sua leveza física, não há como

mensurar o tamanho da bagagem emocional que carrega. Megan

passa seus dias em fingimento, e sequer é preciso muita atenção

para perceber a apatia em seu semblante.

“Uma vez, um professor me disse que eu era mestre em me

reinventar. Eu não tinha certeza do que isso significava naquela

época, mas desde que eu me mudei pra cá eu comecei a

entender… Eu quero recomeçar a minha vida. Até agora, eu fui:

uma adolescente rebelde, amante, garçonete, diretora de

galeria, babá e puta. Não necessariamente nessa ordem.”

(Megan)


Você vai conhecendo mais da história de cada uma delas,

entendendo seus dramas e dilemas e cada hora suspeita de uma

coisa que vai ser desconstruída logo em seguida (ou não).

Essa relação de três mulheres aparentemente problemáticas

com os três homens “misteriosos”: Tom, ex marido de Rachel e

atual de Anna, Scott e Kamal Abdic, marido e terapeuta de

Megan, respectivamente, e é a presença deles que nos dá

exemplos claros de dois assuntos que estão entrelaçados no


Temas dentro do enredo: relacionamentos abusivos e gaslighting (O nome

é complexo, mas seu significado é bastante familiar para muitas

mulheres. Trata-se de uma forma de abuso psicológico no qual

informações são distorcidas e/ou omitidas para favorecer o

abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a

vítima acreditar que é louca e neurótica, duvidando de sua

própria memória e sanidade). Relacionamento abusivo não é

apenas aquele marcado por agressões físicas ou trocas de

ofensas e xingamentos. A relação pode se tornar tóxica de forma

bastante sutil, resultando em grande impacto negativo na

autoestima e na confiança da vítima.

O primeiro está explícito desde o momento em que conhecemos

Megan, durante suas sessões de terapia, ela permanece com

Scott mesmo sem vontade nenhuma, mesmo tendo sua vida

completamente controlada, quase como forma de autopunição

pelos seus erros do passado, e só consegue se abrir para Abdic,

com quem tenta ter um caso loucamente. Ele é tão absurdo que

após o desaparecimento esse comportamento agressivo acaba

sendo “transportado” para a coitada da Rachel que entra em

contato tentando ajudar, no final das contas a gente vê que não

importa os erros da pessoa, ninguém merece ser tratado assim.

Inclusive muito do que rola na vida da Megan (e que acaba

causando seu fim trágico) poderia ter sido evitado desde o início

da parte difícil da sua história se ela tivesse tido apoio pra

melhorar e sentir menos culpa pelo que passou.

O segundo nos vemos claramente que a Rachel foi vitima

durante muito tempo, e que isso influencia na sua vida presente

de uma maneira catastrófica, levando-a a acreditar em sua

completa incapacidade de ser elegível para ser amada.

O que é, contudo, a bebida. Rachel é um tônico de vodca

decadente e exuberante em uma taça de plástico. Por isso, ela

atende um único A.A. reunião e bingo! - o problema começa a

ser limpo. Percebemos que o alcoolismo nunca foi um tema

sério; era apenas uma desculpa para a síndrome das falsas

memórias e, portanto, uma maneira preguiçosa que a autora

usou para mexer com a lógica da história.

O suspense da história perde importância para o drama

psicológico das três principais personagens femininas. Quanta

depressão, meu Deus! Uma leitura pesada, melhor partir para

outra se não estiver de bem com a vida, não vale a pena! Mesmo

após o final, o que fica é uma sensação de depressão a solta no

ar. No cerne de tudo estão duas questões fundamentais: a

maternidade e a influência dos parceiros no destino de cada uma

delas.

No entanto, como Hawkins demonstra, as identidades

aparentemente fixas assim como seus enredos têm sua base em

conclusões tão firmes quanto castelos erguidos areias. Quanto

mais Rachel descobre sobre  Megan, menos gosta dela. Em um

eco claro de Garota Exemplar, Scott, o marido aparentemente

aflito, é também mais escorregadio do que a sua maneira

encantadora. Anna, também, parece parecer menos uma vítima

inocente e mais como uma pessoa vingativa. Tom é um cara legal

responsável e muito compreensivo com a sua ex-esposa

extravagante, mas porque parece que há alguma coisa

preocupante espreitando por baixo de sua superfície calma?

Hawkins manipula perspectivas e prazos com grande habilidade,

e um suspense considerável, mas que em determinados

momentos me deu um soninho, se acumula junto com a empatia

por um personagem central incomum que de imediato não

agarra o leitor. Garota Exemplar de Hawkins

é pouco criativa e deixa a desejar.


Quem é quem segundo minha interpretação:

Leiam atentamente e responda se puder as perguntas que se

seguem.

Rachel era casada com Tom, mas Tom teve um caso com Anna,

que agora é sua esposa.

Ele e Anna têm um bebê, cuja babá é a Megan. Megan parece

um pouco com Anna. Ela-Megan, não Anna, vive com Scott, que

é assustador e possessivo, embora Tom também fique nada

atrás. Não tão atrás quanto Kamal, no entanto, que é o

terapeuta de Megan. Rachel logo se tornará paciente do Kamal.

Fique segurando a história um pouco aqui comigo e observe

outros fatos:

Acontece que Rachel, que está obcecada com o ex, faz um

passeio de trem duas vezes por dia que passa pela casa onde

Tom e Anna vivem. Um dia, ela - Rachel, não Anna - vê, ou acha que ela vê, uma mulher de cabelos loiros, que poderia ser Megan, embora possa ser confundida com Anna, beijando um homem de cabelos escuros, que poderia ser Scott, Tom, Kamal, ou possivelmente o cara de entrega FedEx, em uma varanda.

Diante dessa evidência devastadora, ela, Rachel, se torna uma detetive, juntando-se, um pouco imprudentemente, com Scott, que acredita, um pouco errado, que é amiga de Megan.

Então vamos lá juntar tudo:

(1) Quem se relaciona com quem?

(2) Quem não se relaciona?

(3) Quem é atacado?

(4) Por que Rachel não pode ocupar-se de sua própria vida?

Tais são os problemas que surgiram do livro e no filme principalmente, que eles não podiam ignorar. Eu não consegui.

Será que importa que a trama esteja tão cheia de buracos que

você poderia usar para drenar espaguete? Para mim a resposta é

sim! Me importei com os buracos deixados e o final clichê. Os

leitores inocentes da novela de Hawkins, podem nem se

importar que o toque final seja visível de muitas léguas distantes.

Foi muito fácil para mim descobrir o “gran finale”, o que me fez

perder o interesse pela leitura, que eu só conclui porque estava

lendo em conjunto com um grupo de pessoas.

Ah! Fica uma crítica sobre o título: As personagens principais são

mulheres, e rotulá-las como meninas é como taxa-las de infantis,

como se fossem facilmente levadas por circunstâncias ou

sentimentos de uma adolescente e, portanto, mais propensas a

se perderem ou a não conseguir lidar com os sentimentos, e,

precisar submeter seus problemas à consideração dos adultos.

Elas podem ser tudo, menos chamadas de garotas.

Desejo que se alguém for se aventurar a ler Garota no Trem

tenha uma experiência mais prazerosa do que a minha.


Título: A Garota no Trem

Autora: Paula Hawkins

Editora: Record

Páginas: 378

Ano: 2015


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#Resenha #Leitura #Cultura #agarotadotrem 

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Critica do filme O PALHAÇO

Escolhido para representar o Brasil na premiação do Oscar em 2013, numa vaga na categoria de melhor filme estrangeiro, O Palhaço alcançou a marca de mais de 1 milhão e 500 mil espectadores. Foi indicado em 14 categorias e venceu 12 do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, incluindo a de Roteiro Original, para Marcelo Vindicatto e Selton Mello.

Estamos em um circo pobrinho, mambembe. Uma trupe de saltimbancos. A lona é rasgada, a acomodação pouca, as roupas gastas. Não importa, porque o brilho estará nos olhos de quem vê o artista nesse espaço mágico.

Claro que Selton Mello inspira-se na linguagem universal usada por gênios do cinema como Fellini e Chaplin. Mas aqui, o palhaço está vestido de verde e amarelo e o circo enfeitado pela paisagem de homens e mulheres simples com crianças nos braços, uma plateia unida, sem mau humor, sob a lona do Circo Esperança.

Sinopse:


Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho, a sua identidade. Quando chega a hora da partida, a tristeza visita os amigos da diversão e de concreto mesmo, só a certeza de que o mundo dá voltas, redondo com o picadeiro.


Procurando ser alguém:

“Puro Sangue” (Paulo José) e Pangaré (Selton Mello), pai e filho palhaços, abrem o espetáculo. E desfilam a gorda com roupas de menina, a dançarina de vermelho, odalisca e espanhola atraindo olhares, os músicos, os equilibristas e a menina bonita que causa admiração pela lourice. Vale a pena destacar a enorme diferença entre os nomes dos palhaços, o que me leva a pensar sobre o quanto um pangaré deve desejar a ser um puro sangue. A crise existencial começa ja nesse ponto. 

Selton  Interpretando Benjamin,  mostra a angustia de não se sentir completo profissionalmente e as buscas pela identidade pessoal e por novos ares – e justamente aí reside toda a simbologia do ventilador. Presente desde o início, o objeto figura no imaginário do personagem a todo instante após ser indagado por um amigo do circo sobre o motivo de não comprar um ventilador para refrescá-los durante as andanças pelas cidades do interior do Brasil. E os significados começam a jorrar na tela de forma sutil. Benjamin, percebe-se pela riqueza das imagens, culpa a sua falta de identidade (não se vê como pessoa sem ter um RG) por não conseguir alcançar os desejados novos ares.
Assim, a sua certidão, sua única identificação, é o passaporte para questionar quem é ele enquanto palhaço e pessoa. Homem de poucas palavras e de poucos sorrisos, o que parece contraditório para alguém que faz rir, Benjamin sonha com o objeto que dará uma ventilada em sua vida, que apontará novos rumos e que o levará a se perceber como uma pessoa completa. Mas, claro, o resultado dessa jornada pessoal nem sempre é o que se espera e, espertamente, o diretor já joga com a perda imediata de identidade de Benjamin quando este larga o picadeiro para buscar ser outro alguém – com RG, CPF e comprovante de residência, como se orgulha de dizer em determinado momento. Ao deixar a trupe para trás, ele cai na escuridão. 
É esse o magnífico plano que Selton realiza ao mostrar apenas o preto da sombra do corpo de Benjamin no chão quando os veículos partem sem ele com os objetos do circo . Foi ali, na busca da nova identidade, que o palhaço imediatamente perdeu aquilo que procurava. E só com a compra do ventilador mais adiante é que as ideias de Benjamin são ventiladas, mas não da forma que imaginava, com o simbolismo da mudança.

Há um congraçamento, um sentido de família no circo, que Selton Mello incorporou com perfeição no seu roteiro. Gerações de atores se misturam, contracenando nesse filme que quer ser feliz.

Já começa pela dupla de pai e filho palhaços. Paulo José tem uma longa e vitoriosa história de palcos e telas e o Parkinson não o desencorajou. Continua a ser o ator que carrega a emoção nos olhos brilhantes.

Há uma comunicação comovente entre os dois palhaços que supera a barreira da fantasia e faz pensar na continuidade da profissão de ator. Aliás, na vocação necessária ao exercício pleno dessa arte.

E vamos reencontrar figuras da TV que não vemos há muito tempo. Estão lá Moacir Franco numa ponta magistralmente aproveitada como o delegado Justo e premiada no Festival de Paulínia, o “Zé Bonitinho”, Jorge Loredo e o simpático Ferrugem. Larissa Manoela faz, com graça, o contraponto da nova geração.

“O Palhaço” é um filme delicado, intimista, que não serve gargalhadas, nem piadas chulas.


Nesse filme encantador, você vai sorrir 
e lembrar da sua infância.



Ficha técnica (O Palhaço)
  • Título original: (O Palhaço)
  • Lançamento: 2011 (Brasil)
  • Direção: Selton Mello
  • Atores: Selton Mello, Paulo José, Giselle Motta, Larissa Manoela.
  • Duração: 88 min
  • Gênero: Comédia Dramática



NERVE

Data da primeira publicação: 13 de setembro de 2012
Autora: Jeanne Ryan
Número de páginas: 304
Gêneros: Ficção juvenil, Suspense tecnológico, Ficção de aventura

Para os fãs de The Hunger Games 

Sinopse

Um jogo on-line de alto risco se torna mortal 
Você já se sentiu desafiado a fazer algo que, mesmo sabendo que pode se arrepender depois, acaba levando em frente? A heroína deste livro também.
Vee cansou de ser só mais uma garota no colégio, e quer deixar os bastidores da vida para assumir seu merecido posto sob os holofotes. E o jogo online Nerve, febre nacional transmitida ao vivo, pode ser o início dessa trajetória de sucesso. Basta que ela clique no botão “Jogador” em vez de “Espectador” para entrar na disputa, que propõe, a cada etapa, um desafio novo.
A adolescente acaba formando uma dupla imbatível com Ian, um garoto desconhecido com quem trava contato ao se inscrever em Nerve. Juntos, vão galgando posições no jogo. Mas, conforme os dois avançam na disputa, os desafios ficam cada vez mais complexos… e perigosos.

Com séries como os livros de Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes que se tornaram mega-best-sellers internacionais, a ficção de jovens adultos é agora um gênero próspero que atrai leitores de todas as idades, os chamados YA. E como todo YA temos algumas coisas em comum, um ponto de ligação, de convergência que é quase um critério para esse estilo.
Livro novo, velhos clichês. NERVE se assemelha a muitos clichês atuais contidos na literatura de jovens adultos que seguem o estilo YA.
A protagonista é uma  
1) adolescente (chata pra caramba)
2) que narra em primeira pessoa, revelando toda a sua desordem e fraqueza interior 
3), mas que tem alguma qualidade especial e difícil de definir que a faz sobressair de seus colegas 
4) mesmo que ela seja vagamente desajeitada e com a auto estima baixa
5) o cara da fantasia mágica que entra em sua vida que só ela não parece perceber, instantaneamente se apaixona por ela. 
Lendo isso rapidamente, podem ver que eu resumi vários livros da atualidade.

NERVE foi anunciado como um romance independente, embora o final abertamente convide uma sequência ou série, com a situação imediata resolvida, mas os problemas maiores intocados. Trata-se de um reality show que dá nome ao livro, que publica vídeos de adolescentes que se aventuram, e estimula os adolescentes cujos vídeos obtêm a maioria das visualizações para desafios cada vez mais difíceis e prêmios maiores. Vee, abreviação de Vênus, sempre viveu a vida nos bastidores, fazendo todos os figurinos e maquiagem para as peças teatrais. Ela decide fazer algo fora do personagem por uma vez, e participa do novo jogo online chamado Nerve. Atraída pelos prêmios, como o par de botas bonitas e caras, ou a roupa incrível que não podia pagar, mas estava vendo regularmente em seu smartphone. Quando os organizadores do jogo lhe enviam um texto com as instruções para o desafio, eles incluem uma imagem composta de si mesma usando os itens que ela desejava, e ela não consegue resistir. Ela ousa, o Nerve lhe dá um parceiro, Ian, um menino bonito, mas problemático, que também é atraído por prêmios feitos especialmente para ele. Vee e Ian parecem ser muito populares, mesmo quando realizam acrobacias cada vez mais humilhantes e perigosas, e são finalmente selecionados para o desafio do grande prêmio. Para Vee ganhar uma bolsa de estudos integral para a escola de arte, ela deve passar três horas na sala VIP de um clube com cinco outros jogadores. O Nerve cria as regras e controla tudo, até mesmo bloqueá-las e impedi-las de ligar em seus telefones. Finalmente, os desafios se tornam uma ameaça à vida - e tudo o que Vee quer é escapar. 
Em Nerve temos o maldoso programa corporativo cavando a vida pessoal das pessoas para chegar à tentação exata que os induzirá a se humilhar em público para o entretenimento dos voyeurs sádicos. Um dos mais ricos adeptos do jogo até tem influência suficiente para começar a desempenhar um papel em um dos desafios de Vee. 
Vee está trancada em um quarto com estranhos, onde as armas foram entregues e as luzes estão completamente desligadas. Os telefones celulares estão bloqueados para fazer chamadas. Ela se pergunta por que as pessoas que estão vendo isso e vendo o perigo, não ligam chamando o 911 para ajudar a todos.
Acima de tudo isso, Nerve parece solidamente inspirado em The Hunger Games. Será que foi só eu que notou a semelhança? É verdade que as apostas são mais baixas, Vee e Ian não são inicialmente forçados a competir por suas vidas; eles estão competindo por prêmios financeiros. Mas como a competição fica mais séria, eles realmente parecem estar em perigo mortal, enquanto competem com outras pessoas e são vigiados por um público sanguinário representando um sistema corrupto e moralmente falido que está perfeitamente disposto a desvalorizar suas vidas para provocar drama. 
 O livro não reproduz os aspectos do triângulo amoroso dos Jogos Vorazes na sua totalidade, porem, Vee é pega entre o amigo apaixonado que ela tem que deixar para trás pelos jogos e Ian, que ela não tem certeza de que esta ou não apaixonado por ela, ou se é somente fingimento para aumentarem suas classificações.

Referencias vazias de contexto
"Não é como se você tivesse que ser a garota com a tatuagem de dragão para desenterrar dados pessoais de pessoas"
O amigo apaixonado, Tommy, faz uma clara referência a Lisbeth Salander, personagem da saga Millennium, ao avisar a Vee que as pessoas por trás do NERVE sabem muito sobre ela e podem usá-lo contra ela. 
É uma referência que está dentro de um contexto real, as outras obras que aparecem, talvez para fazer o livro parecer mais descolado como quando Edgar Alan Poe é citado juntamente com a sua obra O Coração Delator e os Miseráveis de Victor Hugo, são apenas isso, citações vazias. Para mim, referências culturais que aparecem rapidamente, é apenas como um “nervo” rígido, não dá balanço e nem movimento a obra.

A história do livro acontece um pouco no futuro, ou em um futuro alternativo que explica artificialmente a tecnologia que torna os métodos da NERVE possíveis. Seus personagens usam suas conexões de rede de maneiras não muito plausíveis hoje em dia. A tecnologia está lá, e eles a usam com mais conformidade do que o que é possível e com uma naturalidade típica dos adolescentes o que implica longa familiaridade. O que explicaria NERVE e seu lugar na vida de seus personagens; eles tomam isso como parte da paisagem, e Vee nunca faz uma pausa para inserir sua própria editorialização sobre o site ou o sistema. Ela só reage a isso, o que aumenta o ritmo do livro. O que pode definir as expectativas dos leitores em relação a um mundo completamente conectado, sem cair na exposição ou configuração.
Faltou ao meu ver, um aprofundamento maior da vida dos personagens, da história de cada um.  Por falar nisso, O livro traz um certo suspense sobre o verdadeiro motivo de Vee estar de castigo, deixando margem para que o leitor tire suas conclusões próprias. Mas o assunto foi tratado superficialmente e deixou a desejar.  Os personagens são sem qualquer tipo de complexidade. Eles estão ali, como um navio para continuar o enredo. Eu não tive uma conexão emocional suficiente com nenhum dos personagens e os atrevimentos no começo não foram nada emocionantes.

Nerve representa essa geração que tem o seu interesse voltado em como suas vidas interagem com a Internet sem expectativas de privacidade, e que certamente para quem está familiarizado com o Facebook, Twitter e YouTube achará este livro realista o suficiente no seu formato. 
Vee é uma adolescente plausível o suficiente, apenas consciente o bastante para não se destacar ao lado de sua amiga mais dinâmica, Sydney, mas capaz de fazer coisas altamente embaraçosas quando a pressão dos colegas entra em ação e ela começa a se concentrar na diversão de ser ousada, ganhando admiração e aprovação de colegas, e agindo fora da caixa, mantendo uma certa  desculpa de que "outra pessoa me fez fazer isso"  justificando para si mesmo a sua própria moral. Em termos de estilo e conteúdo, NERVE é mais voltado para adolescentes do que para leitores mais velhos e não parece um conto de advertência é mais uma extensão bastante credível do mundo em torno dos adolescentes hoje, pelo menos até o clímax dramático. 
Uma vez que Vee começa a se atrever, a principal ação do livro acontece ao longo de uma noite estonteante, e é fácil acreditar que os personagens se comportariam de uma forma cada vez mais imprudente, já que o cansaço, o triunfo e a excitação superam todas as outras preocupações. 
 É claro que o Nerve está pressionando o máximo possível de botões hots para manter os espectadores sintonizados, e que as pessoas obscuras por trás do site estão especificamente provocando Vee com sensuais desafios porque ela é inexperiente e dá uma vibe particularmente inocente e facilmente desconcertante. Ainda assim, muitos dos que ela enfrenta são focados no sexo e que no livro assume uma vibração levemente sinistra. 
O último terço do livro é onde a maior parte do suspense está contida. É onde o perigo que me foi prometido começa a aparecer e não é o que eu esperava. Eu queria mais emoções, e mais horror e definitivamente mais situações com risco de vida (especialmente considerando o prólogo). 
Só teve um momento no livro em que eu fiquei do lado e quase simpatizei com a Vee. Mas, fora isso, ela me dava raiva mesmo.
NERVE promete um romance repleto de ação e é uma enorme decepção. É esquecível, fraco e carece de caráter e profundidade. No entanto, é uma leitura muito rápida e simplista. Há também uma mensagem por trás do romance - sobre o controle que o consumismo tem sobre nós e sobre nossas ações.
Eu me pergunto:   Como a avalanche de reality shows de TV influenciou a maneira como nos vemos como companheiros humanos? Estamos regredindo às tradições de épocas anteriores ao ponto de nos divertirmos observando execuções públicas?
Não estamos tão longe assim dessa realidade, basta vermos como exemplo os BBB da vida.
O conceito da história é muito bom, a escrita é fluida e não tem muita enrolação. Indicaria para aqueles que curtem o estilo. Assim sendo, uma boa leitura!

Ficha técnica

AutorRyan, Jeanne
Editora - Outro Planeta
Número de Páginas - 304
Altura - 21
Largura - 14
Profundidade1.6
Idioma - Português País Brasil