CRÍTICA | Tom na Fazenda
Tom na fazenda foi idealizado pelo ator e produtor Armando Babaioff, que também assina a tradução da peça Tom à la Farme, do autor canadense Michel Marc Bouchard, cuja montagem nacional é dirigida por Rodrigo Portella.

O publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a mãe do seu amante (Kelzy Ecard) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão Francis (Gustavo Vaz) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência que me fez lembrar a síndrome de Estocolmo. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, onde quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições. Com o passar do tempo somos apresentados a Sara (Camila Nhary) que vem para compor e equilibrar com um tom de comédia, aliviando a tensão tão presente.
Minha Crítica:
Estamos já quase terminando 2018, com 2019 há pouco menos de 02 meses e ainda vivemos questões que foram tabus desde de que o mundo se deu conta da existência de pessoas que sentiam e amavam de formas diferentes das delas.

Na plateia ouvia-se risos, mas era um riso de nervoso, como que para disfarçar o medo, como se pudesse com ele afugentar a dor. Mas não se pode nem com mil risadas sequer abafar a mensagem que a peça grita:
” Os homossexuais aprendem a mentir antes mesmo de aprender a amar”
No meio de segredos e mentiras temos uma mãe que precisa ser protegida da verdade, e nos faz pensar até que ponto a verdade deve ser escondida. Há também um irmão que sabe, mas não aceita; e o tamanho do seu preconceito só não é maior que a sua violência.
O espectador observa essas escolhas sobre a crescente atração sexual e a negação dela, sobre sonhos, sobre os erros cometidos e por vezes repetidos, sobre verdades X mentiras, sobre o que queremos saber ou ignorar e que caminho tomaremos após vivenciarmos tudo isso. Contudo, não julguem esse drama de forma leviana. Apesar de tudo, podemos perceber o amor, a força de quebrar as correntes do preconceito e de viver.
Eu tentei de todas as formas adivinhar o final, mas foi em vão.Em nenhuma das minhas previsões eu cheguei perto do desfecho trágico, surpreendente visceral e real. A ausência de um cenário mais elaborado é suprida pela atuação dinâmica e marcante dos personagens, deixando-os em evidencia constante.

Tom na Fazenda está na sua 7ª temporada, ainda sem patrocínio e dando verdadeiro exemplo de resiliência. Parabéns por vocês existirem e persistirem!

Babaioff em seu discurso de agradecimento no 5º Prêmio Cesgranrio de Teatro, o levantou a frase “Amar sem temer” e comentou a boa aceitação dos questionamentos da peça. “A gente não pode subestimar o público achando que eles só querem ver um tipo de teatro” Essa é a frase emblemática, e eu não poderia deixar de terminar esse texto com ela:
AMAR SEM TEMER!
Por Jackelline Costa
FICHA TÉCNICA
Texto: Michel Marc Bouchard
Tradução: Armando Babaioff
Direção: Rodrigo Portella
Elenco: Kelzy Ecard, Armando Babaioff, Camila Nhary, Gustavo Vaz
Cenografia: Aurora dos Campos
Iluminação: Tomás Ribas
Figurino: Bruno Perlatto
Concepção Sonora: Marcello H.
Preparação Corporal: Lu Brites
Hair Stylist: Ezequiel Blanc
Produção: Galharufa Produções
Idealização: ABGV Produções Artísticas
Próxima apresentação:
Curtíssima temporada - 01 a 16/02/2020
Sexta a domingo | 19:30h
Sexta a domingo | 19:30h
Teatro Petra Gold - Sala Marilia Pera
Ingressos a venda.
Comprando seu ingresso antecipado, até a data da estreia, você tem 30% de desconto na inteira e 15% na meia-entrada.
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Esta resenha foi originalmente postada pelo site Cultura&Ação
http://culturaeacao.com/?p=2117
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