RESENHA | Warcross, de Marie Lu
Para os milhões que fazem login todos os dias, o Warcross não é apenas um jogo – é um modo de vida. A obsessão começou há dez anos e sua base de fãs agora abrange o mundo, alguns ansiosos para escapar da realidade e outros esperando obter lucros. Lutando para sobreviver, a hacker Emika Chen trabalha como caçadora de recompensas, rastreando jogadores que apostam no jogo ilegalmente. Mas o mundo da caça às recompensas é competitivo e a sobrevivência não tem sido fácil. Precisando ganhar dinheiro rapidamente, Emika arrisca-se e entra no jogo de abertura do Campeonato Internacional de Warcross – apenas para acidentalmente se envolver na ação e se tornar uma sensação da noite para o dia.
Convencida de que vai ser presa, Emika fica chocada quando, em vez disso, recebe uma ligação do criador do jogo, o indeciso bilionário Hideo Tanaka, com uma oferta irresistível. Ele precisa de um espião no interior do torneio deste ano para descobrir um problema de segurança. . . e ele quer Emika pelo trabalho. Sem tempo a perder, Emika é levada para Tóquio e empurrada para um mundo de fama e fortuna que ela só sonhava. Mas logo sua investigação revela uma trama sinistra, com grandes consequências para todo o império de Warcross.
Eu me envolvi logo na primeira página. Houve uma identificação com a Emika instantaneamente, o que me fez ler o livro todo de uma só vez em uma madrugada apenas. Li as primeiras 200 páginas, dei uma pausa de 2 horas e voltei a leitura, só parando no the end.
A medida em que fui avançando me vi envolvida de uma forma tão intensa, que me transportei de volta aos jogos de World of Warcraft e Overwatch, Warcross foi uma combinação das melhores coisas: tecnologia futurista, jogos competitivos, personagens excêntricos e romance da menina pobre com o príncipe. Foram tantas as partes do jogo que me lembraram de Mario Kart misturado com um quê de Jogos Vorazes (Não dá para não perceber a influencia no enredo, Emika é levada para um jogo louco e onde os fãs, as festas, tudo lembra Panem), e O Jogador Número 01, que confesso, tive muita muita dificuldade para avançar até onde a leitura me envolveu, já com Warcross foi algo de imediato.
Warcross conta a história de Emi Chen 18 anos que é uma caçadora de recompensas e ganha a vida perseguindo pequenos criminosos em troca de recompensas. Emi precisa muito de dinheiro; está com o aluguel atrasado, a ponto de ser despejada e mal consegue se dar ao luxo de comer. Ela vê no Warcross Championships a chance de mudar de vida.
Nesse jogo virtual as pessoas jogam em todo o mundo, o que acaba por se tornar a vida dessas pessoas. Os motivos são diversos, jogadores que ficam famosos e acabam por ter fãs que os perseguem, o que me fez lembrar dos dias atuais com os YouTubers e todos esses que alcançam a fama por meio da internet. Mas existem outros que estão no jogo por motivações mais nobres e você vê nesses personagens algo mais profundo, mais intenso, como a própria Emi, que só quer para pagar o aluguel e para não ser despejada, ainda há outros que estão lá para sustentar a família, e outros que usam para escapar da realidade que enfrentam. É tão interessante que eu posso entender por que as pessoas ficam apaixonadas por Warcross, é pelo o que o jogo é capaz de proporcionar. É muito mais do que simplesmente um jogo para eles.
Warcross trata com uma profundidade linda a relação entre Emi e seus companheiros de equipe; entre ela e Hideo, e o como ela se relaciona e vê o mundo, mesmo quando parece que ela está trabalhando com os outros a sua sagacidade, inteligência e determinação para cuidar de si mesma e fazer o trabalho para Hideo é incrível. Ela é totalmente durona, lutando nos campeonatos internacionais, e enfrentando perigos dentro do mundo do jogo, ficando cada vez melhor nisso para se misturar e fazer com que sua equipe progrida, mesmo tendo que invadir as contas de outros e tentando descobrir um hacker bastante sagaz.
Isso é o máximo que eu vou descrever aqui sobre a trama para não acabar dando spoiler, mas posso dizer que amei a Emi e todos os outros personagens como Ash e Hammie. São vivos, são reais, são cativantes! É o nosso mundo, mas não é. É incrivelmente familiar porem tão diferente! Familiar porque envolve questões éticas que nos fazem parar para analisar principalmente nos dias atuais em que estamos as portas de novas eleições. Você pode se arriscar a aprovar regras e leis que podem soar boas na teoria, mas nas mãos erradas pode dar muito poder a pessoas com más intenções? O livro apresenta essas questões éticas em que Emi se vê envolvida e tomar determinadas decisões nunca é fácil.
Foi meu primeiro contato com algo da Mari Lu, e eu confesso que me surpreendeu bastante, ela conseguiu tornar os jogos atraentes e compreensíveis, criando uma grande parte da ação e da tensão dentro deles. E mesmo com uma miscelânea de referências que eu citei, é algo novo e único.
Não é um livro onde as referencias a outras obras quer sejam literárias, quer sejam de filmes ou séries aparecem como parte da história, elas estão lá, mas não estão. Entendem?
Claro que teve o romance clichê entre Emika e Hideo, faz parte esse tipo de literatura YA, mas romance a parte, eu aprovo o jeito que as coisas se desenvolveram e deu um UP no romance.
A reviravolta no final de Warcross não foi totalmente inesperada, eu já sabia quem era o Zero (O Hacker), mas a sua motivação final foi inesperada para mim, no mais, tudo pareceu um pouco apressado e óbvio. Contudo, não desmereceu em nada o final, e levando a fantasiar as cenas finais exibidas nas telas dos cinemas.
O livro termina com a promessa de que a história continuará, e eu aguardarei pelo próximo livro com uma ansiedade latente. Se Mari Lu continuar seguindo essa linha na continuação, com certeza manterá a curiosidade dos leitores acessa.
Vou procurar ler outras obras da autora como a trilogia Legend, que antes já havia me chamado a atenção, porém, estava protelando, enquanto aguardo a continuação de Warcross.
Por Jackelline Costa
Esta resenha foi originalmente postada no site Cultura&Açao
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