RESENHA | INDESTRUTÍVEL, organizado por Michel Uchiha
É preciso ter coragem para enfrentar a vida de cabeça erguida, mas acima de tudo, é necessária muita força para bater no peito e dizer que tem orgulho de ser quem é, quando a sociedade o chama de aberração, doente e pecador.
Esse livro é mais do que uma simples antologia, é um grito de liberdade por todos aqueles que já foram atacados simplesmente por terem nascido para brilhar em varias cores nesse mundo tão preto e branco.
INDESTRUTÍVEL é aquele que encontra dentro de si o poder para combater o ódio com amor.
Resumo crítico
Indestrutível e uma antologia concebida e realizada pela necessidade urgente de conscientização de algumas verdades que algumas pessoas insistem em não aceitar:
- Homossexuais existem desde que o mundo se entende por mundo. Aceitem que doí menos!
- Eles não precisam de cura, porque, utilizando a popular frase, replicada em um dos contos:”não há cura para o que não é doença“.
- Eles não são diferentes ou um caso a parte; não estão errados e nem certos; não são únicos e nem tão pouco uma variedade. Eles são o que são, e isso só basta!
- A pior parte de tudo é o medo de se assumir, porque existem pessoas que fazem de tudo para eles pensarem que o amor entre iguais é algo sujo, errado, que deva ser escondido e ocultado. Existem pessoas que dizem “até aceitar”, desde que eles fiquem na deles, não se exponham ou manifestem seu amor publicamente, para não chocar a família tradicional e contaminar a cabecinha das crianças inocentes. A meu ver esse é o pior tipo de preconceito, pois vem velado, disfarçado e embrulhado em forma de hipocrisia.
- O medo pelos novos caminhos da política brasileira é real e pertinente. Ter no poder pessoas que dão voz a outros que são covardes o bastante para precisarem esconder seu preconceito e ódio contra a todos os LGBTs, trás um futuro ainda mais incerto para quem só quer ter o poder de exercer os princípios escritos nos direitos humanos.
- E a principal verdade é que eles não vão voltar para o armário, se esconder e muito menos deixar que alguém diga que o que eles são é algo proibido ou ilegal, porque não é!
Essas são só algumas das mensagens que encontramos na antologia Indestrutível.
Alguns autores retrataram o drama, a dor, as dificuldades, problemas familiares, a rejeição e o bullying, principalmente no ambiente escolar. Outros mostraram que, apesar disso tudo, eles venceram, conseguiram superar e prosseguiram; poucos, infelizmente. Isso se deve talvez ao fato de que a maioria dos contos serem protagonizados por adolescentes, fase em que chegar a esse patamar já é uma tarefa difícil para qualquer um, quanto mais a pessoas que enfrentam tudo o que eles tiveram que enfrentar.
Mas senti falta do empoderamento. De vitórias e conquistas. De vencedores. Não que só hajam perdedores nos contos, mas faltaram histórias onde os personagens se tornam médicos, escritores, cantores, etc. É importante mostrar o passado difícil, mas também um presente com felicidade real, onde o futuro seja tecido em teias de esperança e sonhos de conquistas.
Eu gostaria de citar alguns contos em particular, mas tenho medo de ser injusta com os restantes dos autores, ou de ser acusada de favoritismo, já que dois desses contos são de autoria de pessoas que eu amo muito, (ops, acho que já devem saber), por serem contos onde tem um “quê” de suspense, onde os imaginei sendo apresentados em alguma cena de seriado, onde não se consegue conceber a ideia de que o vilão é alguém tão próximo, e em outro pensei que estava lendo algo como Divergente.
Há também um conto em que o protagonista, mostra seu passado, mas possui um presente bem resolvido e que encerra citando Madonna: “Paus e pedras quebrarão meus ossos, mas seus rótulos não vão me machucar… Celebre-me por quem eu sou… Essa é quem eu sou.”
Teve apenas um conto que eu realmente não gostei, pois me pareceu raso, uma história mal desenvolvida e fora da realidade. Nele temos um rapaz de 26 anos que é sustentado pela mãe e que durante um passeio no Cristo Redentor de repente conhece outro rapaz, aceita dele uma carona até em casa e fica tremendo quando ele estaciona o carro? Sinceramente a falta de profundidade quase me fez parar de ler.
A antologia Indestrutível terá uma continuação, informação que foi revelada durante o evento de lançamento desse primeiro volume, no dia 18 de novembro de 2018, cujo título será “Inquebrável”. Que venham então novos contos, com novos personagens e que eles consigam narrar histórias de vida que estão além das cicatrizes deixadas pelo preconceito. Que as canções tocadas sejam alegres, e que se dane quem quer que se incomode com elas!
Falando na tarde de autógrafos, quem foi prestigiar teve seu exemplar autografado por 12 dos 23 autores. Eu já participei de vários lançamentos, mas em nenhum deles, a salvo os dos grandes escritores nas bienais da vida, havia uma fila de três horas para se conseguirem autógrafos.
Sobre o livro:
Indestrutível foi organizada por Michel Uchiha, que também assina um dos contos, e possui prefácio escrito pela cantora Pabllo Vittar. Contém 286 paginas e é um lançamento da Editora Sinna.
A diagramação me surpreendeu ao trazer duas paginas com cor destacada, ilustrações e citações de musicas e suas bandas no inicio de cada conto, além de apresentar ao final a ficha de cada autor envolvido no projeto.
Os contos dessa antologia foram selecionados a partir de um concurso com 70 inscritos, onde 20 textos foram escolhidos. Os autores Jonathan Telles e Fábio Viccent foram convidados para completar o time, contribuindo com mais dois contos, além de um 23º texto de autoria do organizador. Parte dos lucros obtidos com as vendas serão repassados para a ONG Casa.
Um dos autores, Jonathan Telles, criou uma trilha sonora para cada conto, que vocês podem conferir no link abaixo:
Para mais informações e para comprar o livro, acessem o site da editora AQUI.
Por Jackelline Costa
Esta resenha oi originalmente postada no Cultura&Ação
http://culturaeacao.com/?resenhas=resenha-indestrutivel-organizado-por-michel-uchiha
Esta resenha oi originalmente postada no Cultura&Ação
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