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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Se Houver Amanhã


Se Houver Amanhã é de longe o meu livro favorito, assim como o seu autor. Devo admitir que já li este umas 20 vezes e nunca vou me cansar de lê-lo. Este livro é um romance de ficção criminal de 1985 e uma das melhores obras de Sidney Sheldon na minha perspectiva, perdendo somente para “O Outro Lado da Meia-Noite”, porém, ainda prefiro a Tracy como melhor personagem literária feminina desse autor. Eu recomendo fortemente a qualquer pessoa quer seja fã ou não de seu trabalho. 
Sinopse:
A obra é dividida em três partes:
Primeira parte - Tracy Whitney é uma mulher comum que estava noiva de um dos melhores partidos da cidade, o solteiro mais elegível e cobiçado, Charles Stanhope III, trabalhava em um banco da Filadélfia e tinha uma vida normal, até que sua mãe, Dóris Whitney, se suicidou por não poder pagar suas dívidas, estas vindas de um golpe de Joe Romano, um magnata da máfia em Nova Orleans. Tracy fica sabendo do suicídio da mãe e vai até a cidade para o enterro. Ao ficar sabendo do golpe que Joe fez decide se vingar. Vai até a mansão do Romano armada a tentativa de extrair uma confissão. Atirar nele sem querer e quando pensa que conseguiu acaba caindo em mais uma armadilha. O mafioso continuou vivo após o tiro e para vingar-se de Tracy fez com que ela ficasse culpada por roubar um quadro de um acervo valioso dele. A partir desse ponto começa a melhor parte do livro, crimes, romance policial, roubos, homicídios e tudo que for relacionado a isso. Tracy é presa por tentativa de homicídio, flagrante e roubo, ela não tem muita escapatória e o governo sede um advogado a ela, Perry Pope, ele promete ajudá-la desde que ela assuma ser culpada das acusações, assim ficaria sobre uma sentença de três meses que seria cumprida em liberdade condicional. Ela aceita o acordo e reconhece a culpa diante do juiz, mas o que ela nem desconfiava era que a máfia de Joe Romano comandada pela família Orsatti, havia comprado o advogado e o juiz, então Tracy recebe a pena de 15 anos em uma penitenciária feminina. Assim que ela é presa, seu noivo acaba terminando tudo deixando-a sem ajuda nenhuma para que seu nome não fosse manchado diante dos outros. Tracy fica sozinha e o pior, condenada. Já na cadeia inicia-se seu pesadelo, Sidney Sheldon conta cada detalhe de como é a vida na prisão, desde a humilhação que as presas passam aos estupros entre as mulheres. Nessa parte do livro a narração fica tensa, o autor realmente não poupa detalhes e a história fica pesada, mas ainda assim faz com que o leitor não queira parar de ler, pois é surpreendente e prende a atenção.
“A penitenciária tinha a sua própria música: o retinir da campainha, o arrastar de pés pelo cimento, o bater de portas de ferro, os sussurros de dia e os gritos de noite... O crepitar rouco dos walkie-talkies dos guardas, o estrépito das bandejas nas refeições. E sempre havia o arame farpado, os muros altos, a solidão e o isolamento, a aura penetrante de ódio”.

“Os pensamentos ardiam e flamejavam, até que a mente se esvaziou de toda a emoção, a não ser uma única: vingança. Não era uma vingança dirigida contra as suas companheiras de cela. As três eram tão vítimas quanto ela. Nada disso. Ela queria vingança contra os homens que haviam destruído sua vida”.

Segunda parte -  Fala de como foi sua vingança contra todos que fizeram algo de ruim para ela, todos os responsáveis por sua prisão, e principalmente aos responsáveis pelo suicídio de sua mãe. Dona de uma astúcia deliciosamente sutil e engraçada ela acaba com quem a humilhou e encontra meios para sobreviver e ultrapassar os desafios. Ela aprendeu muito com seu passado e isso está ajudando ela a lidar com os obstáculos do presente. 
Terceira parte – Nos traz uma Tracy renovada e revela como se tornou uma criminosa profissional. E ela faz isso tão bem!  Tudo nela cai como uma luva, sua elegância, sua classe e beleza. Como eu gostaria de ser tão suave quanto o Tracy. Ela descobre que tem a capacidade de se envolver em empreendimentos / aventuras mais produtivas - não exatamente assassinas - mas criminosas. Quer minha opinião? A terceira parte vai te deixar de queixo caído! Sério. Ela acaba se tornando uma criminosa fria e calculista, seus crimes são tão perfeitos que não dá nem para acreditar que é possível algo do tipo. Ela começa roubando joias de grande valor e depois passa a ser uma das melhores ladras e procurada por todos. Então em um dos seus crimes ela conhece Jeff, um golpista encantador por quem acaba se apaixonando.
Uma das coisas que mais me cativaram foi a estrutura do livro em relação à narrativa, o ponto mais acertado é o autor não focar todos os acontecimentos na vingança que Tracy planeja. Tanto é que antes da metade do livro, ela já se vingou de todos que queria se vingar e está preparada para a segunda coisa mais importante: recomeçar sua vida.
Enfim, o livro é interessante do começo ao fim. Tracy é mais uma das fabulosas personagens que Sheldon escreveu e aposto que será lembrada sempre pelos leitores que são fãs das obras desse autor. A forma como ele a constrói impede que qualquer um que leia o livro se sinta pressionado a querer-lhe o mal, já que Tracy Whitney passa a ser identificada em cada um de nós, como uma mulher que adora o desafio, é uma vítima do acaso e ainda assim dá a volta por cima, “corrigindo” alguns pequenos erros que há no mundo, unicamente em relação àqueles que têm muito e ainda assim querem mais.
Se eu fosse resumir essa história usando contos de fadas e literatura medieval clássica ficaria assim:
Era uma vez uma menina chamada Tracey Whitney que pensava ser como a Cinderela, exceto que ela encontra o Príncipe errado que covardemente a deixa no calabouço, depois de muito tempo ela conhece o Robin Hood, um homem que aplicava golpes, mas que era mais honrado, amoroso e mais cativante que o falso príncipe. E a levou para um belo passeio na montanha russa, onde eles vivem e se amam até os dias de hoje. E como eles se encaixam perfeitamente um no outro!
Eu li em algum lugar que a Tracy poderia ser real, e que em nenhum momento na sua história nos passa a idéia de que ela seja apenas uma ficção. Temos para comprovar a história de Evita Peron, que em sete anos saiu do anonimato para ser um dos maiores nomes da Argentina. 
Sidney realmente ser preocupou com os detalhes, no livro a várias citações de lugares, musicas, cidades, comidas, quadros, danças e várias outras coisas que enriquecem a experiência do leitor, contudo ele foi relapso em alguns detalhes, principalmente na construção de alguns personagens, como a própria Tracy, ou deixando alguns furos quando não explica mais a fundo determinadas situações. Todavia, para mim, não faz com que se torne uma leitura ou um livro ruim.
Os personagens são adoráveis. As situações são as melhores. E o fim não deixa a desejar. O próprio título do livro, corretamente traduzido, é extremamente racional comparado a tudo que acontece no livro e a todo o perigo que os personagens se arriscam. Não há incoerências, o livro não perde o fôlego conforme chega ao final e é decididamente uma obra que vale a pena (e deve) ser lida.
Em uma entrevista da Associated Press, em 1982, o autor afirmou sua preferência: “gostava de escrever sobre mulheres que são talentosas e capazes, mas o mais importante, que mantêm sua feminilidade”. Enquanto isso, seus personagens masculinos ganhavam ares maléficos e impiedosos. Seus romances ficaram conhecidos pelo suspense e sensualidade marcantes, além de trabalhar com elementos como fama, fortuna, intrigas, assassinatos, desaparecimentos e vingança.
A sua escrita obriga o leitor a continuar com a leitura. Quando você termina um capítulo, acaba querendo continuar para ver o que acontece no seguinte, o que leva o leitor a não consiga largar seu livro até que tenha terminado. Ele acreditava que não podia “enganar o leitor”, por isso sempre que descrevia algum lugar visitado por seus personagens, havia estado nele.
Começar a ler um livro de Sidney Sheldon e não terminar não é uma opção, suas histórias são tremendamente cativantes e envolventes, e seus personagens respondem a altura, portanto se pensar em ler um livro dele se prepare para uma estrada sem volta, por mais que se sinta torturado e sofrendo pelo personagem com certeza não vão conseguir parar.
Se Houver Amanha já teve oito edições desde o seu lançamento, e cada uma com uma capa diferente, a sua maioria pela Record. Uma edição da Vira-Vira da saraiva que eu tive o desprazer de ler, é a que contem mais erros de ortografia, acentuação e erros de tradução. As da Record pecam pela baixa qualidade de suas capas, porem, vale a pena salientar que última edição veio ao meu ver, esteticamente mais bonita, com cores em azul e preto, fugindo das tradicionais modelos que as outras traziam



Seus livros e anos de lançamento
* A Outra Face (1970)
* O Outro Lado da Meia-Noite (1973)
* Um Estranho no Espelho (1976)
* A Herdeira (1977)
* A Ira dos Anjos (1980)
* O Reverso da Medalha (1982)
* Se Houver Amanhã (1985)
* Um Capricho dos Deuses (1987)
* As Areias do Tempo (1988)
* Lembranças da Meia-Noite (1990)
* Juízo Final (1991)
* Escrito nas Estrelas (1992)
* Nada Dura para Sempre (1994)
* Corrida pela Herança (1994)
* O Ditador (1995)
* Manhã, Tarde e Noite (1995)
* Os Doze Mandamentos (1995)
* O Fantasma da Meia-Noite (1995)
* O Plano Perfeito (1997)
* Conte-me Seus Sonhos (1998)
* O Céu Está Caindo (2001)
* O Estrangulador (1991)
* Quem Tem Medo do Escuro? (2004)
* O Outro Lado de Mim (2005)




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