Resenha | As Treze Relíquias, de Michael Scott e Colette Freedman
Há mais de sete décadas treze crianças foram designadas para cuidar de artefatos antigos, dotados com um poder primitivo e letal. As relíquias, como foram chamadas, deveriam ser mantidas por seus guardiões em total segurança e afastadas umas das outras. Entretanto, agora um homem sinistro e sua amante estão atrás delas, roubando cada peça e eliminando seus protetores, deixando um rastro de crimes violentos. Aparentemente por acaso, a jovem Sarah Miller se envolverá nessa trama perigosa e terá que correr contra o tempo para elucidar os enigmas que rondam sua nova vida. Serão os guardiões seres de outro mundo? Qual será o segredo das relíquias milenares? Por que justamente Sarah foi atraída para esse jogo mortal? Uma história inquietante, povoada de lendas que até hoje rondam nosso imaginário, As Treze Relíquias mostra que há forças que nunca devem ser despertadas.
As Treze Relíquias é o primeiro livro de uma trilogia escrita por Michael Scott, que é um dos escritores mais populares da Irlanda e cujo conhecimento sobre as “lendas” que envolve esse país foi um fator primordial para que a história fosse bem desenvolvida, e Colette Freedman, atriz, escritora e roteirista renomada. Somente o primeiro livro foi lançado aqui no Brasil, pela Editora Planeta, o que ao meu ver é uma pena. A notícia boa é que o livro, apesar de fazer parte de uma trilogia, encerra em si a história proposta e mesmo dando margem para uma continuação, não deixa ninguém perdido, pois todas as pontas soltas são devidamente amarradas. Eu cheguei ao final do livro com algumas explicações e diversos plot twists que me fizeram ansiar por uma continuação.
Eu confesso que a primeira coisa que me chamou a atenção foi a capa. Linda, com a espada metálica, impactante! Impossível não se sentir atraído por ela. Depois veio a sinopse, que me envolveu por se tratar da mitologia celta, algo que foge das tão tradicionais gregas, romanas e nórdicas vistas por aí. Nada contra, mas algo diferente é sempre bem-vindo.
Ao ler essa pequena introdução, fui pega pela urgência de ler, e ler, e ler até acabar:
“Depois da batalha, tudo o que restou foram lembranças. Eles se lembravam do mundo como era: um novo mundo, um mundo bruto, o mundo deles. Onde eles haviam sido os mestres de todas as criaturas. Onde a humanidade era apenas gado: a ser guiada, morta e comida. Eles se lembravam do sabor da humanidade… e era doce, tão doce. Mas suas lembranças estavam manchadas pela amargura: lembranças de um menino que não era um menino, que os expulsara. Rebaixara-os. Prendera-os no Outro Mundo. Então os demônios fizeram um plano. Levou séculos sendo preparado e mais um século se passara, enquanto eles esperavam pelo candidato mais apropriado para executá-lo. Foram pacientes, pois não mediam o tempo como os humanos, e o prêmio era, de fato, grandioso. O plano era simples: reunir as Relíquias, destrancar o portão entre os mundos. Tudo de que precisavam era o agente certo: um humano com desejo do conhecimento absoluto e pronto para fazer qualquer coisa para alcançar esse objetivo. E eles esperaram.”
Agora me digam, tem como não se envolver?
Apesar de se tratar de um tema mitológico, a história se passa nos dias atuais. Pelo tom investigativo por conta da dupla de policias Tony Fowler e Victoria Heath que investigam os assassinatos, e sempre suspeitam de Sarah Miller e Owen Walker (os protagonistas, nem tão inocentes assim), o leitor pode pensar que se trata de um romance policial, mas a narrativa nos leva a tramas muito mais envolventes e surpreendes em seu roteiro.
É um livro carregado de mortes brutais, fascinantes, sinistras e medonhas executadas pelo asqueroso e violento Skinner e pelo calculista Elliot, que tentam a todo custo conseguir as treze relíquias, matando todos os que estiverem atravessando o seu caminho. Suas ações podem chocar pois são inicialmente torturas à pessoas idosas, como por exemplo Judith Walker, a tia de Owen Walker, que foi uma das crianças que receberam as relíquias, 70 anos antes. É também um livro carregado de demônios, que infestam o mundo espiritual e que querem aterrorizar o plano físico.
A abordagem sexual pesada e bem detalhada, envolta em magia negra, fica por conta de Vyvianne, uma bruxa com poderes místicos e que se utiliza do ato sexual para adentrar no mundo espectral e que, junto com Ahriman Saurin seu sádico, tenebroso e demoníaco mentor criam o inferno astral de todos os personagens envolvidos.
Tudo isso junto desqualifica de todas as formas uma leitura indicada para adolescentes, longe disso. Trata-se de um livro denso, que nos deixa um gostinho de quero mais e que me fez querer desejar uma adaptação para o cinema, o que seria bem merecido.
Enquanto o enredo vai sendo desenvolvido, somos transportados para a antiga Irlanda, de onde as relíquias foram criadas, envolvendo mais de dois mil anos de história, tanto do judaísmo quanto celta, o que só faz com que o livro se torne mais intrigante a cada página lida. Além disso, o fato das relíquias realmente existirem e atualmente estarem expostas em um museu, dá um toque de realismo inesperado para um livro de ficção fantástica.
Com capítulos curtos e sem blá blá blá, somos encaminhados para o “gran finale” onde todas as dúvidas levantadas ao longo da leitura são finalmente sanadas. Para alguns, a forma rápida escolhida pelos autores de concluir a trama pode ter sido decepcionante, mas para mim foi lógica e bem-feita. Vale a pena lembrar que escrever em conjunto não é uma tarefa das mais fácies, mas os autores realizaram essa tarefa com maestria, preenchendo todos os pontos propostos.
As Treze Relíquias é um livro que se você ainda não leu, ponha na lista de leituras. Se por ventura não gostar, o conteúdo histórico se incumbirá de fazer valer a pena!
#FicaaDica
Por Jackeline Costa
Ficha Técnica
Título Original: The Thirteen Hallows
Ano: 2013
Páginas: 416
Tradução: Alice Klesck
Editora: Planeta do Brasil
Essa resenha foi originalmente postada no site Cultura&Ação
http://culturaeacao.com/?resenhas=resenha-as-treze-reliquias-de-michael-scott-e-colette-freedman
Ano: 2013
Páginas: 416
Tradução: Alice Klesck
Editora: Planeta do Brasil
Essa resenha foi originalmente postada no site Cultura&Ação
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